Pular para o conteúdo principal

Caso Alvim abafa escândalo de Wajngarten na Secom

O caso do vídeo do secretário Roberto Alvim está abafando o outro caso denunciado nesta semana pelo jornal Folha de São Paulo, envolvendo o chefe da Secretaria de Comunicação, a Secom, Fabio Wajngarten. Entenda a polêmica no resumo da jornalista Flávia Faria, da Folha. Íntegra abaixo:

Nesta semana, a Folha revelou que o chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro.
Wajngarten negou haver conflito de interesses e atacou a reportagem.
Bolsonaro, por sua vez, elogiou o desempenho do secretário e dirigiu ataques à Folha e a repórteres do jornal.
Abaixo, veja perguntas e respostas sobre o caso.
Quem é Fabio Wajngarten?
Publicitário, Fabio Wajngarten assumiu a chefia da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em abril de 2019.
O que faz a Secom?
Entre outras coisas, é responsável pela distribuição da verba de propaganda do Planalto e dita as regras para as contas dos demais órgãos federais. No ano passado, foram gastos R$ 197 milhões em campanhas publicitárias.
Qual a polêmica envolvendo o secretário?
Como mostrou a Folha, Wajngarten recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro.
Desde que assumiu o cargo, o secretário teve pelo menos 67 reuniões com representantes de clientes e ex-clientes de sua empresa. Parte desses encontros exigiu viagens, e 20 foram custeadas com dinheiro público.
Que serviços a empresa oferece? Para quem?
A FW Comunicação e Marketing faz estudos de mídia para TVs e agências, incluindo mapas de anunciantes do mercado. Também confirma se peças publicitárias contratadas foram veiculadas —prática chamada de “checking”.
A firma tem contratos com ao menos cinco empresas que recebem do governo, entre elas a Band e a Record, que tiveram aumento na participação da verba publicitária da Secom.
Também prestou serviços às emissoras e afiliadas do SBT e da Rede TV!, segundo o atual administrador da empresa (leia mais abaixo), mas os contratos foram encerrados.
Wajngarten acumula a direção da empresa com a chefia da Secretaria?
Não. Dias antes de assumir o posto no governo, ele se afastou da direção da FW, mudou o contrato social e nomeou para gerenciá-la, em seu lugar, um administrador.
O secretário tem 95% das cotas da empresa —sua mãe detém os outros 5%. O novo contrato social prevê a distribuição anual para os sócios de lucros e dividendos de forma proporcional à participação no capital social.
Quem passou a administrar a empresa no lugar do secretário?
O empresário Fabio Liberman, que diz ser amigo de infância de Wajngarten. Seu irmão, Samy Liberman, foi escolhido pelo secretário para ocupar o posto nº 2 na hierarquia da Secom.
Por que o caso levanta questionamentos?
Segundo a lei 12.813/2013, configura conflito de interesses “exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe”.
Também é vedado “praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão”.
Quem pratica tais atos está sujeito à demissão e a responder processo por improbidade administrativa.
O que diz Wajngarten?
O secretário negou que haja conflito de interesses ou ilegalidades na sua atuação. Em pronunciamento, ele disse que não está na Secom para fazer negócios.
A secretaria divulgou nota em que diz que a Folha mente, faz mau jornalismo e ignora a lei.
Qual foi a reação de Bolsonaro ao caso?
Nesta quinta (16), Bolsonaro atacou a Folha e disse que Wajngarten é um excelente profissional. Também afirmou que “se foi ilegal, a gente vê lá na frente”.
O cargo de Wajngarten está ameaçado?
Assessores do Planalto relataram à Folha que havia um clima de tensão no governo e que o presidente se reuniu na quarta (15) com auxiliares para discutir a questão. Nesta quinta, contudo, Bolsonaro defendeu Wajngarten publicamente e disse que ele permanece no cargo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe