Pular para o conteúdo principal

Tudo na vida é relativo

São Paulo está debaixo d'água, literalmente. Se Marta Suplicy fosse prefeita, o nome dela estaria estampado em todos os portais e nos jornalões, sempre com viés negativo: "Marta diz não ter culpa por alagamentos", "Limpeza de bueiros está em dia, diz Marta". Só que o prefeito se chama Gilberto Kassab (DEM) e seu nome simplesmente não aparece no noticiário. Quando é o caso, as chamadas dos portais e jornalões se referem sempre à esta etérea entidade chamada "prefeitura". Então fica assim: "Prefeitura diz não ter culpa por alagamentos", "Limpeza de bueiros está em dia, diz prefeitura", e por aí vai. Imprensa isenta e equilibrada é isto aí, nas empresas de comunicação corporativa a coisa se chama "estratégia de redução de danos à imagem". Kassab está dispensado de contratar este tipo de serviço, já dispõe da coisa de graça.

Comentários

  1. Isso ocorre porque o Prefeito enquanto representante da população está presente nas catástrofes, sejam naturais ou não.

    Alguém ai se lembra onde a ex-Prefeita Marta estava quando ocorreu a última catástrofe de sua gestão? (Para quem não se lembra: Paris - França)

    ResponderExcluir
  2. Deveriamos perguntar aos Datenas da vida onde está a famosa dentista que tanto comoveu a tucanada ... lembra dela xingando a coitada da Marta? Como se a culpada das enchentes fosse a Marta, que estava aí há três anos... e que de fato foi aquela que mais fez para evitar enchentes! Gostaria de saber onde está a dentista e todos os cidadãs indignados! (sem falar dos bilhões gastos nos "rios" de São Paulo. Os rios se tornaram mais feios, e sujos como antes, com todo aquele cimento... é triste triste triste.)

    ResponderExcluir
  3. Gostaria de lembrar ao Anônimo que a única vez em que a Marta não esteve presente foi no final do seu mandato, depois de ter perdido as eleições. Nas outras vezes, ela sempre esteve presente e SEMPRE era chamada "as falas" pela solécita imprensa e pelas TVs paulistas. A mesma coisa não acontece com Kassab e muito menos com Serra (ver os títulos dos jornais e fazer as comparações com a época da Marta). Gostaria também de lembrar que o Estado de S.P. nunca foi administrado pelo PT. A Prefeitura só duas vezes a partir de 1989.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe