Pular para o conteúdo principal

Eleição não depende mais de Serra

O resultado da pesquisa Datafolha apontando a disparada de Dilma Rousseff, que agora se posiciona 17 pontos percentuais acima de José Serra e poderia levar a eleição já no primeiro turno é um marco na campanha. A partir de agora, Dilma só não será a próxima presidente do Brasil se errar muito. Já não depende mais dos acertos de Serra, mas dos erros da candidata petista. Sim, porque Serra pode fazer tudo certo e ainda assim perder a eleição - inclusive no primeiro turno. Com tamanha dianteira, Dilma só perde se fizer muita bobagem. Muita mesmo. Um amigo do blog escaldado em campanhas revelou neste final de semana: olha, ela precisa fazer muita besteira para perder esta eleição.
E o problema todo, para o PSDB, é que não bastassem os acertos da brilhante propaganda eleitoral de Dilma, o marketing de Serra é todo errado e errático. Afinal, Serra é amigo de Lula ou seu opositor? Este nó está na cabeça de todos os eleitores que assistem o horário eleitoral. Não dá para ser as duas coisas. Ou bem se diz que Serra será continuador da obra do presidente ou se parte para uma ação agressiva contra o atual mandatário. O que não dá é para fazer as duas coisas ao mesmo tempo, como Luiz Gonzáles parece ter plenejado. É isto que está ocorrendo - Serra bate e assopra, beija e morde. Ninguém gosta de gente assim, dúbia, traiçoeira.
Faltam 40 dias para a eleição. Não é muita coisa. Se este blogueiro fosse José Serra, a partir de agora a luta seria para manter, ao menos, a votação obtida contra Lula em 2002. Menos votos será um vexame grande. Menos do que obteve Geraldo Alckmin em 2006 será um vexame enorme.
Tudo somado, Serra está sem rumo, abandonado pelos seus próprios aliados. O ex-governador de São Paulo já se via recebendo a faixa de Lula e não deu a atenção necessária à montagem dos palanques regionais, que é, sim, importantíssima no Brasil. Lula, ao contrário, abriu mão de diversas candidaturas petistas - Minas Gerais é o caso mais emblemático - em nome da aliança com o PMDB. O futuro vai mostrar quem teve melhor juízo.

Comentários

  1. Brilhante, acho a mesma coisa. Não poderia ser diferente, a população não podia eleger alguém contrário ao governo Lula para desmanchar o que ele fez; a população também não poderia tomar posições dúbias: apoiar Lula e o seu opositor ao mesmo tempo. Sou dos que acha que Lula elegeria o seu sucessor contra qualquer candidatura. Ao contrário de apoiar como na eleição passada onde a imprensa dizia orgulhosamente que "candidato tal era apoiado por Lula e não conseguiu se eleger," agora se trata da pessoa que irá sucedê-lo, e como 80% de apoio não é coisa pouca, não poderia ser diferente. Serra era um grande nome nas preliminares, mas quando o jogo começou prá valer, ai não teve PIG nenhum que conseguisse manter o insustentável.
    http://heliojampa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Boa análise!

    Elias te mandou um grande abraço!

    Provos Brasil

    ResponderExcluir
  3. A eleição para presidente está caminhando bem.

    Agora precisamos garantir a eleição da bancada de deputados federais alinhados com o governo.

    Para o Rio de Janeiro, eu proponho uma campanha para a não-eleição de Marcelo Itagiba, o candidato oficial de Daniel Dantas:

    http://capitao-obvio.blogspot.com/2010/08/rio-de-janeiro-nao-reeleja-marcelo.html

    Para São Paulo, eu recomendo a eleição de Protógenes Queiroz, que, além de tudo o que já fez pelo Brasil, quer impedir a candidatura de Maluf:

    http://capitao-obvio.blogspot.com/2010/08/protogenes-tenta-impedir-candidatura-de.html

    Você pode não concordar com as minhas sugestões, mas não deixe de usar seu espaço para promover bons candidatos, e impedir a eleição dos ladrões!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe