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Índio no país da piada pronta

O comando da campanha de Dilma Rousseff deve estar realmente boquiaberto com o festival de barbaridades cometidas pelo adversário mais forte da ex-ministra na disputa eleitoral deste ano. Para quem sonhava com uma chapa fortíssima, juntando Serra e Aécio, a indicação do deputado de primeiro mandato Índio da Costa para a vice-presidência é realmente um balde de água fria. O democrata de 39 anos já foi três vezes vereador no Rio de Janeiro e subprefeito na gestão de Cesar Maia. Uma bagagem e tanto...

Pode ser que o vice de Serra seja um menino prodígio e este blog esteja totalmente errado. Mas pode ser também que Índio da Costa acabe representando na chapa da aliança demista-tucana um mero badulaque decorativo, imposto por exclusão de outros nomes melhores cotados. Aliás, na verdadeira trgédia que se tornou a escolha do vice, conta menos o perfil pessoal e político de Índio e muito mais o processo que levou à escolha, equivocado desde o primeiro momento. Deixar para escolher o vice aos 45 do segundo tempo é de um amadorismo que espanta qualquer observador.

Os animadores da campanha de Serra na internet cumprem agora o patético papel de dizer que o jovem vice vai agregar votos e trazer sangue novo à campanha, mas eles próprios sabem que o jogo ficou mais difícil a partir de agora. Imaginar que Aécio Neves, o DEM como um todo, Geraldo Alckmin e outras tantas lideranças vão suar a camisa para eleger Serra é tão verdadeiro quanto uma nota de 3 reais. O candidato tucano vai ter que se virar sozinho. Se vencer, poderá massacrar seus pseudo-aliados e governar como quiser. Perdendo, entra na história como mero apêndice de um tempo cujos protagonistas serão bem outros.

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