Pular para o conteúdo principal

Índio no país da piada pronta

O comando da campanha de Dilma Rousseff deve estar realmente boquiaberto com o festival de barbaridades cometidas pelo adversário mais forte da ex-ministra na disputa eleitoral deste ano. Para quem sonhava com uma chapa fortíssima, juntando Serra e Aécio, a indicação do deputado de primeiro mandato Índio da Costa para a vice-presidência é realmente um balde de água fria. O democrata de 39 anos já foi três vezes vereador no Rio de Janeiro e subprefeito na gestão de Cesar Maia. Uma bagagem e tanto...

Pode ser que o vice de Serra seja um menino prodígio e este blog esteja totalmente errado. Mas pode ser também que Índio da Costa acabe representando na chapa da aliança demista-tucana um mero badulaque decorativo, imposto por exclusão de outros nomes melhores cotados. Aliás, na verdadeira trgédia que se tornou a escolha do vice, conta menos o perfil pessoal e político de Índio e muito mais o processo que levou à escolha, equivocado desde o primeiro momento. Deixar para escolher o vice aos 45 do segundo tempo é de um amadorismo que espanta qualquer observador.

Os animadores da campanha de Serra na internet cumprem agora o patético papel de dizer que o jovem vice vai agregar votos e trazer sangue novo à campanha, mas eles próprios sabem que o jogo ficou mais difícil a partir de agora. Imaginar que Aécio Neves, o DEM como um todo, Geraldo Alckmin e outras tantas lideranças vão suar a camisa para eleger Serra é tão verdadeiro quanto uma nota de 3 reais. O candidato tucano vai ter que se virar sozinho. Se vencer, poderá massacrar seus pseudo-aliados e governar como quiser. Perdendo, entra na história como mero apêndice de um tempo cujos protagonistas serão bem outros.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...