Muito interessante e informativa a matéria abaixo, originalmente publicada no blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo. Lendo a reportagem, surge a dúvida: em que região do país José Serra já conseguiu construir palanques fortes para dar suporte à candidatura presidencial?
Crises locais ameaçam os palanques de Serra no Sul
A região Sul converteu-se num pesadelo político para o tucano José Serra, presidenciável da oposição.
Os palanques que o tucanato idealizara para Serra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em vias de desmoronar.
No Paraná, uma queda-de-braço entre as duas principais lideranças do PSDB no Estado –Alvaro Dias e Beto Richa— estende-se além do conveniente.
Chama-se José Fogaça o mais novo problema de Serra. Prefeito de Porto Alegre, Fogaça vai às urnas como candidato do PMDB ao governo gaúcho.
Serra via em Fogaça um aliado estratégico. Porém, o prefeito pemedebê já cogita apoiar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.
Ouça-se o que disse Fogaça numa entrevista à Rádio Gaúcha, nesta terça (9):
“Se o PMDB nacional tomar essa decisão [de apoio a Dilma], não há como o partido regionalmente assumir, de maneira formal, uma outra decisão...”
“...Esta tem de ser a linha do partido aqui no Estado, seguir a linha adotada nacionalmente”.
As palavras de Fogaça têm cheiro de reviravolta. Soam depois de reunião privada que o prefeito manteve com a própria Dilma, na última sexta-feira (5).
O vaivém do prefeito está amarrado a uma conveniência local. Ele precisa do apoio do PDT-RS. Se fechar com Serra, corre o risco de perder o aliado.
Deve-se o estabelecimento da pré-condição ao ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva nacional do PDT.
Ou Fogaça abre o seu palanque para Dilma ou o PDT gaúcho cairá no colo de seu principal rival na disputa pelo governo, o petista Tarso Genro.
Assim, Dilma está prestes a obter no Rio Grande do Sul dois palanques: o do PMDB e o do PT, dois velhos e renhidos rivais na política gaúcha.
O apoio do PMDB a Dilma não é pacífico. Escute-se o presidente do diretório do PMDB em Porto Alegre, Fernando Záchia:
“Fogaça pode até ter vontade de se aliar a Dilma, mas é um processo muito difícil de construir internamente”.
Taticamente, Fogaça se diz fechado, por ora, com a candidatura presidencial do pemedebê Roberto Requião. Sabe que se trata de uma quimera.
E advoga que o PMDB gaúcho siga a decisão da convenção nacional, muito mais próxima do apoio a Dilma. Para desassossego de Serra, Fogaça avisa:
“[...] A convivência com a ministra Dilma foi altamente produtiva e boa para a cidade de Porto Alegre. Minha relação com Dilma e com Lula é muito boa”.
Fechando-se a equação favorável a Dilma, restará para Serra o palanque reeleitoral da governadora tucana Yeda Crusius, que as pesquisas indicam estar micado pelas denúncias de corrupção.
Em Santa Catarina, o tormento do tucanato também gira ao redor de uma denúncia de corrupção. Ali, o alvo é o vice-governador tucano Leonel Pavan.
Antes sólida, a tríplice aliança catarinense pró-Serra –PMDB, PSDB e DEM— se liquefez depois que Pavan foi denunciado à Jutiça pelo Ministério Público.
O governador pemedebê Luiz Henrique, candidato ao Senado, costurava uma candidatura única à sua sucessão.
Pelo PSDB, o nome cogitado era o de Pavan. Pelo DEM, o senador Raimundo Colombo. Pelo PMDB, Eduardo Pinho, presidente da legenda no Estado.
Nas últimas semanas, Luiz Henrique passou a admitir a hipótese de três candidaturas. Cada partido seguiria o seu caminho.
Significa dizer que o apoio a Serra, antes vitaminado pelo palanque tríplice, se pulverizaria. Pior: optando por Pavan, o tucanato iria à campanha local com a cara do malfeito.
Programou-se para esta quarta (10), uma reunião dos dirigentes catarinenses do PSDB, PMDB e DEM. Tentam colar os cacos do projeto inicial. Talvez já não disponham de goma.
No Paraná, Serra tenta pôr em pé a candidatura do prefeito tucano de Curitiba, Beto Richa. Mas o senador Alvaro Dias, também tucano, diz que o nome dele é melhor.
Na última sexta (5), sob mediação de Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, os dois contendores tucanos desceram ao pano verde. Alvaro Dias puxou as suas fichas.
Disse que as pesquisas o favorecem. Levou ao seu blog a última sondagem do Vox Populi. Argumentou que, prevalecendo Richa, a vida de Dilma será facilitada no Paraná.
Por quê? Irmão de Alvaro, o senador Osmar Dias ensaia o lançamento de sua candidatura ao governo paranaense pelo PDT. Daria palanque a Dilma.
Mas Osmar informou a Sérgio Guerra e à própria Dilma que se o irmão for candidato, ele disputará o Senado, não o governo. E a candidata de Lula perderia o palanque.
Beto Richa não se deu por achado. Levou ao twitter uma pesquisa que lhe sorri. Foi feita por um instituto pouco conhecido fora do Paraná, o Radar.
Nesta quarta (10), Sérgio Guerra deve mediar novo encontro entre Dias e Richa. A hipótese de acordo é improvável.
Ou Alvaro Dias depõe as armas ou a disputa vai para a convenção, em junho. Nessa hipótese, prevalecerá Beto Richa, que detém o controle da máquina do PSDB-PR.
Embora tenha dado prazo ao irmão, a paciência do pedetista Osmar Dias tem limites. Prometeu aguardar até o final desta semana. Sobrevivendo o impasse, vai à disputa. E fechará com Dilma.
Assim, a formação dos palanques do Sul, que parecia um sonho dourado para a oposição, converteu-se num pesadelo que atormenta Serra e adoça as noites de Dilma Rousseff.
Crises locais ameaçam os palanques de Serra no Sul
A região Sul converteu-se num pesadelo político para o tucano José Serra, presidenciável da oposição.
Os palanques que o tucanato idealizara para Serra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em vias de desmoronar.
No Paraná, uma queda-de-braço entre as duas principais lideranças do PSDB no Estado –Alvaro Dias e Beto Richa— estende-se além do conveniente.
Chama-se José Fogaça o mais novo problema de Serra. Prefeito de Porto Alegre, Fogaça vai às urnas como candidato do PMDB ao governo gaúcho.
Serra via em Fogaça um aliado estratégico. Porém, o prefeito pemedebê já cogita apoiar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.
Ouça-se o que disse Fogaça numa entrevista à Rádio Gaúcha, nesta terça (9):
“Se o PMDB nacional tomar essa decisão [de apoio a Dilma], não há como o partido regionalmente assumir, de maneira formal, uma outra decisão...”
“...Esta tem de ser a linha do partido aqui no Estado, seguir a linha adotada nacionalmente”.
As palavras de Fogaça têm cheiro de reviravolta. Soam depois de reunião privada que o prefeito manteve com a própria Dilma, na última sexta-feira (5).
O vaivém do prefeito está amarrado a uma conveniência local. Ele precisa do apoio do PDT-RS. Se fechar com Serra, corre o risco de perder o aliado.
Deve-se o estabelecimento da pré-condição ao ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva nacional do PDT.
Ou Fogaça abre o seu palanque para Dilma ou o PDT gaúcho cairá no colo de seu principal rival na disputa pelo governo, o petista Tarso Genro.
Assim, Dilma está prestes a obter no Rio Grande do Sul dois palanques: o do PMDB e o do PT, dois velhos e renhidos rivais na política gaúcha.
O apoio do PMDB a Dilma não é pacífico. Escute-se o presidente do diretório do PMDB em Porto Alegre, Fernando Záchia:
“Fogaça pode até ter vontade de se aliar a Dilma, mas é um processo muito difícil de construir internamente”.
Taticamente, Fogaça se diz fechado, por ora, com a candidatura presidencial do pemedebê Roberto Requião. Sabe que se trata de uma quimera.
E advoga que o PMDB gaúcho siga a decisão da convenção nacional, muito mais próxima do apoio a Dilma. Para desassossego de Serra, Fogaça avisa:
“[...] A convivência com a ministra Dilma foi altamente produtiva e boa para a cidade de Porto Alegre. Minha relação com Dilma e com Lula é muito boa”.
Fechando-se a equação favorável a Dilma, restará para Serra o palanque reeleitoral da governadora tucana Yeda Crusius, que as pesquisas indicam estar micado pelas denúncias de corrupção.
Em Santa Catarina, o tormento do tucanato também gira ao redor de uma denúncia de corrupção. Ali, o alvo é o vice-governador tucano Leonel Pavan.
Antes sólida, a tríplice aliança catarinense pró-Serra –PMDB, PSDB e DEM— se liquefez depois que Pavan foi denunciado à Jutiça pelo Ministério Público.
O governador pemedebê Luiz Henrique, candidato ao Senado, costurava uma candidatura única à sua sucessão.
Pelo PSDB, o nome cogitado era o de Pavan. Pelo DEM, o senador Raimundo Colombo. Pelo PMDB, Eduardo Pinho, presidente da legenda no Estado.
Nas últimas semanas, Luiz Henrique passou a admitir a hipótese de três candidaturas. Cada partido seguiria o seu caminho.
Significa dizer que o apoio a Serra, antes vitaminado pelo palanque tríplice, se pulverizaria. Pior: optando por Pavan, o tucanato iria à campanha local com a cara do malfeito.
Programou-se para esta quarta (10), uma reunião dos dirigentes catarinenses do PSDB, PMDB e DEM. Tentam colar os cacos do projeto inicial. Talvez já não disponham de goma.
No Paraná, Serra tenta pôr em pé a candidatura do prefeito tucano de Curitiba, Beto Richa. Mas o senador Alvaro Dias, também tucano, diz que o nome dele é melhor.
Na última sexta (5), sob mediação de Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, os dois contendores tucanos desceram ao pano verde. Alvaro Dias puxou as suas fichas.
Disse que as pesquisas o favorecem. Levou ao seu blog a última sondagem do Vox Populi. Argumentou que, prevalecendo Richa, a vida de Dilma será facilitada no Paraná.
Por quê? Irmão de Alvaro, o senador Osmar Dias ensaia o lançamento de sua candidatura ao governo paranaense pelo PDT. Daria palanque a Dilma.
Mas Osmar informou a Sérgio Guerra e à própria Dilma que se o irmão for candidato, ele disputará o Senado, não o governo. E a candidata de Lula perderia o palanque.
Beto Richa não se deu por achado. Levou ao twitter uma pesquisa que lhe sorri. Foi feita por um instituto pouco conhecido fora do Paraná, o Radar.
Nesta quarta (10), Sérgio Guerra deve mediar novo encontro entre Dias e Richa. A hipótese de acordo é improvável.
Ou Alvaro Dias depõe as armas ou a disputa vai para a convenção, em junho. Nessa hipótese, prevalecerá Beto Richa, que detém o controle da máquina do PSDB-PR.
Embora tenha dado prazo ao irmão, a paciência do pedetista Osmar Dias tem limites. Prometeu aguardar até o final desta semana. Sobrevivendo o impasse, vai à disputa. E fechará com Dilma.
Assim, a formação dos palanques do Sul, que parecia um sonho dourado para a oposição, converteu-se num pesadelo que atormenta Serra e adoça as noites de Dilma Rousseff.
Paz e bem!
ResponderExcluirSem contar que aqui no RS
Serra terá o palanque
da Yeda, dos pufes pagos pela gauchada.