Pular para o conteúdo principal

Serra: arrogância ou firmeza?

A reportagem abaixo descreve a entrevista de José Serra à rádio CBN. O leitor pode tirar as conclusões, mas chama a atenção o fato de, pela segunda vez, o ex-governador José Serra ter perdido a paciência com um jornalista. Na semana passada, acusou de "partidária" uma repórter que procurava saber a opinião do presidenciável tucano sobre o mensalão do DEM, no Distrito Federal. Amigo de Arruda, Serra respondeu rispidamente. O que chama atenção agora é que Serra perdeu a paciência com Míriam Leitão. Não chegou a acusá-la de partidária porque soaria ridículo - Míriam é uma das colunistas mais críticas do governo Lula em atividade na imprensa brasileira.

Bem, os candidatos sabem o que fazem e são bem grandinhos para lidar com a repercussão de seus atos. Ou bem Serra quer vencer os jornalistas no grito - não vai conseguir - ou está mal assessorado, pois na tentativa de passar uma imagem firme, acaba parecendo arrogante, o que fica bem mais claro no áudio da entrevista.


Serra diz que BC não é a Santa Sé e se rotula candidato de esquerda

da Reportagem Local
Atualizado às 10h28.

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira que a taxa de juros no país deveria ter sido reduzida no passado e destacou que o Banco Central não é a Santa Sé, ao comentar sobre a autonomia do BC.
Serra demonstrou irritação ao ser questionado sobre também agir como presidente do BC, se eleito. O tucano defendeu a autonomia do BC, mas afirmou que se houver "erros calamitosos", o presidente deve interferir e opinar. "O presidente tem que fazer sentir sua posição."
"O Banco Central não é a Santa Sé. Não sou contra incentivos tributários, mas é preciso um mecanismo que não puna os municípios", disse ele em entrevista à rádio CBN.
Segundo ele, o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo. Como alternativa, defendeu uma política de médio e longo prazo para evitar a alta da taxa como mecanismo de conter a inflação.
Serra foi questionado sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito, em entrevista ao jornal espanhol "El País", sobre a certeza da vitória do PT nas eleições. O tucano afirmou que isso é normal, estranho seria Lula ter dito o contrário, e destacou que mais importante foi a declaração de que qualquer candidato que vencer as eleições não trará "nada de absurdo" para o Brasil.
Para o tucano, essa foi uma afirmação importante porque é quase um "jogo de terrorismo" dizer que se o candidato do PT não vencer, haverá uma calamidade no país. "O Lula não deve estar preocupado, tanto como imaginam, se a candidata dele [Dilma Rousseff] não ganhar."
Serra também defendeu um estado forte, "musculoso, mas não obeso", e afirmou que do ponto de vista da análise convencional, é de esquerda. "Defendo um projeto de desenvolvimento nacional para o Brasil, defendo o ativismo governamental."
O tucano afirmou que, se eleito, irá criar o Ministério da Segurança. "É uma coisa indispensável no Brasil, o consumo de drogas e o tráfico de armas é alimentando no exterior. O governado federal tem que jogar, não pode se esquivar mais."
Serra destacou como suas prioridades a segurança, a saúde e a educação. Segundo ele, o Bolsa Família deve ser mantido. "Ele ajuda os necessitados, mas precisa ser fortalecido."
Vice
O tucano evitou comentar sobre o nome que irá compor sua chapa como vice. "Não estou me metendo muito nesse assunto. Vai ser alguém da base aliada, mas qualquer coisa que eu disser aqui vai dar margem à fofoca."
Serra afirmou que não vai lotear cargos e nem aparelhar o Estado com o PSDB.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe