Um romance policial contemporâneo e eletrizante
Muita gente acha que a palavra stalker surgiu recentemente, com a emergência das as redes sociais, mas na verdade, como explica o prefácio do livro de Lars Kepler, ela existe desde do século 18. Originalmente, significava rastreador ou caçador ilegal. Em 1921, o psiquiatra francês De Clérambault publicou a primera análise moderna de um stalker, o estudo de um paciente que sofria de erotomania. Hoje, stalker é alguém que padece de fixação obsessiva em monitorar as atividades de outra pessoa.
No romance de Kepler, que na verdade é o pseudônimo de Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril, um casal sueco que escreve em conjunto, a polícia de Estocolmo recebe um vídeo de uma mulher, filmado de fora da casa dela, em uma situação claramente voyeurista e com conteúdo de apelo sexual. Minutos depois, a mulher é esfaqueada brutalmente, seu rosto é desfigurado e ela é deixada em uma posição específica que será a marca deste serial killer.
Desde a segunda página, o romance prende o leitor, é difícil parar de acompanhar a caçada ao misterioso stalker que repete o mesmo procedimento de enviar vídeo e matar as vítimas, todas mulheres, todas com algum tipo de relacionamento com um psiquiatra e hipnotista que trabalha em casos de traumas psicológicos graves, inclusive ajudando a polícia com suas habilidades de extrair informações de acusados ou testemunhas de crimes. O romance ganha ainda mais emoção com a entrada em cena do ex-detetive Joona Linna, presente em sete livros de Kepler. Joona estava isolado com a filha após a morte por câncer de sua mulher e volta para ajudar as investigações. Claro que acaba se tornando personagem central na trama e na resolução surpreendente do caso.
Indo um pouco além da trama em si, vale muito a pena ler Stalker neste momento bastante paradoxal que estamos vivendo, isolados, porém hiperconectados. “Você pensou que estivesse sozinho. Pensou errado”, diz o subtítulo na capa do livro. É fato, hoje não estamos sozinhos em momento algum. Salvo se você é um eremita, não tem telefone celular inteligente e perfis nas redes sociais e está fora do Whatsapp, necessariamente você não estará sozinho nunca. Estará sim sendo observado por muita gente, o tempo todo. Este traço da nossa sociedade atual faz do romance escrito em 2014 e lançado no Brasil pela editora Alfaguara no ano passado uma obra extremamente contemporânea.
Todo mundo conhece histórias de stalkers no Facebook ou outras redes sociais e atualmente, o stalking no Brasil é enquadrado no artigo 65 da Lei das Contravenções Penais, que penaliza com multa ou prisão de 15 dias a dois meses quem “molesta ou perturba a tranquilidade de alguém, por acinte ou motivo reprovável”. No ano passado, o Senado aprovou projeto de lei que endurece a pena para esses casos, cabe ainda aprovação definitiva pela Câmara dos Deputados. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Departamento de Justiça apontou que 20 em cada 1.000 mulheres já foram vítimas de stalking. Entre os homens, foram 7 em cada 1.000.
Tudo somado, além de divertido e eletrizante, Stalker é um livro que traz uma reflexão interessante sobre a propensão do ser humano a saber da vida do outro, muitas vezes de modo doentio e violento. Uma excelente leitura para tempos de isolamento físico, mas de tanto contato pelas redes e aplicativos de encontros virtuais. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães, em 18/4/20).
Muita gente acha que a palavra stalker surgiu recentemente, com a emergência das as redes sociais, mas na verdade, como explica o prefácio do livro de Lars Kepler, ela existe desde do século 18. Originalmente, significava rastreador ou caçador ilegal. Em 1921, o psiquiatra francês De Clérambault publicou a primera análise moderna de um stalker, o estudo de um paciente que sofria de erotomania. Hoje, stalker é alguém que padece de fixação obsessiva em monitorar as atividades de outra pessoa.
No romance de Kepler, que na verdade é o pseudônimo de Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril, um casal sueco que escreve em conjunto, a polícia de Estocolmo recebe um vídeo de uma mulher, filmado de fora da casa dela, em uma situação claramente voyeurista e com conteúdo de apelo sexual. Minutos depois, a mulher é esfaqueada brutalmente, seu rosto é desfigurado e ela é deixada em uma posição específica que será a marca deste serial killer.
Desde a segunda página, o romance prende o leitor, é difícil parar de acompanhar a caçada ao misterioso stalker que repete o mesmo procedimento de enviar vídeo e matar as vítimas, todas mulheres, todas com algum tipo de relacionamento com um psiquiatra e hipnotista que trabalha em casos de traumas psicológicos graves, inclusive ajudando a polícia com suas habilidades de extrair informações de acusados ou testemunhas de crimes. O romance ganha ainda mais emoção com a entrada em cena do ex-detetive Joona Linna, presente em sete livros de Kepler. Joona estava isolado com a filha após a morte por câncer de sua mulher e volta para ajudar as investigações. Claro que acaba se tornando personagem central na trama e na resolução surpreendente do caso.
Indo um pouco além da trama em si, vale muito a pena ler Stalker neste momento bastante paradoxal que estamos vivendo, isolados, porém hiperconectados. “Você pensou que estivesse sozinho. Pensou errado”, diz o subtítulo na capa do livro. É fato, hoje não estamos sozinhos em momento algum. Salvo se você é um eremita, não tem telefone celular inteligente e perfis nas redes sociais e está fora do Whatsapp, necessariamente você não estará sozinho nunca. Estará sim sendo observado por muita gente, o tempo todo. Este traço da nossa sociedade atual faz do romance escrito em 2014 e lançado no Brasil pela editora Alfaguara no ano passado uma obra extremamente contemporânea.
Todo mundo conhece histórias de stalkers no Facebook ou outras redes sociais e atualmente, o stalking no Brasil é enquadrado no artigo 65 da Lei das Contravenções Penais, que penaliza com multa ou prisão de 15 dias a dois meses quem “molesta ou perturba a tranquilidade de alguém, por acinte ou motivo reprovável”. No ano passado, o Senado aprovou projeto de lei que endurece a pena para esses casos, cabe ainda aprovação definitiva pela Câmara dos Deputados. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Departamento de Justiça apontou que 20 em cada 1.000 mulheres já foram vítimas de stalking. Entre os homens, foram 7 em cada 1.000.
Tudo somado, além de divertido e eletrizante, Stalker é um livro que traz uma reflexão interessante sobre a propensão do ser humano a saber da vida do outro, muitas vezes de modo doentio e violento. Uma excelente leitura para tempos de isolamento físico, mas de tanto contato pelas redes e aplicativos de encontros virtuais. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães, em 18/4/20).
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