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Mostrando postagens de junho, 2020

Uma bomba por semana e a crise permanente

Abertura da Newsletter da LAM Comunicação desta semana. Bom domingo a todos. Enquanto o Brasil caminha aceleradamente para chegar em primeiro lugar no ranking macabro de mortes por Covid-19, neste sábado o país contabilizou 57 mil mortos, sete a mais do que sete dias atrás, a crise política parece ter se tornado permanente, e nela o presidente Jair Bolsonaro se equilibra, paradoxalmente. Do ponto de vista econômico, o governo colheu uma vitória importante ao aprovar no Congresso, na quarta-feira, o novo marco regulatório do Saneamento, que tramitava há anos no legislativo, fato este ofuscado, na esfera política, pelas sucessivas entrevistas do advogado Frederick Wassef, figura que ganhou espaço no noticiário após a prisão de Fabrício Queiroz, seu hóspede em Atibaia. À revista Veja Wassef declarou ter escondido Queiroz para proteger o presidente Bolsonaro. Outro gol do governo, a nomeação de Carlos Alberto Decotelli – ex-presidente da FNDE, negro e professor - para o ministério da Ed

Dica da Semana: 007, sequência de filmes

Da Newsletter da LAM Comunicação, em primeira mão no blog. Bond nunca morre e segue atual em tempos de polarização política Não, infelizmente esta coluna não teve ainda acesso ao novo filme da sequência mais longeva do cinema, a do agente criado pelo escritor Ian Fleming em 1953. A pandemia privou o mundo de assistir No Time to Die na data em que deveria estrear e agora James Bond, o 007, deverá estar nas telas dos cinemas apenas em novembro, se o corona deixar. Enquanto o novo blockbuster não chega, o autor desta coluna teve a ideia de rever, junto com o filho de 8 anos, os filmes, já foram quatro até o momento, de diferentes épocas. E ao rever os episódios da coleção de DVDs adquirida em 2010 (só não pega toda fase Daniel Craig, infelizmente) para apresentar ao garoto o espião mais famoso do planeta, a sensação foi muito boa. O primeiro filme que vimos, 007 contra o Foguete da Morte, com locações no Brasil e a famosa luta de Bond contra o vilão Jaws no bondinho do Pão de Açúcar d

O dia em que bebi com Jânio

Texto antigo, de 2010, mas muito saboroso, vale a leitura. Augusto Nunes enfrentou a fera e o resultado está abaixo. De todos os presidentes, JQ é o mais parecido com o atual, JB. Não pelo gosto pelo hábito de consumir bebidas de alta graduação alcoólica, mas pelo temperamento. Parte 1 A fera do Guarujá ─ Eu não disse? ─ ouvi meu pai dizendo em outubro de 1960. Depois daquele comício em que Jânio Quadros comeu um sanduíche de mortadela no palanque, o prefeito Adail Nunes da Silva tinha dito que o homem seria presidente da República. E repetiu nos dois anos seguintes a profecia que acabara de ser confirmada pelas urnas. ─ Eu não disse? ─ ouvi minha mãe dizendo em agosto de 1961. Depois daquele jantar em que Jânio lhe pediu um sanduíche de mortadela depois da sobremesa, dona Biloca tinha dito que o homem era maluco. E repetiu durante os sete meses de governo o diagnóstico que, disso ela não tinha dúvida, a renúncia à Presidência acabara de ratificar. ─ Eu não disse? ─ ouvi o repó

Época: os 30 países que devem crescer este ano na contramão do mundo, apesar da pandemia de coronavírus

Ao infectar milhões de pessoas e levar governos a confinar suas populações, o novo coronavírus deve deixar economias de todo o mundo na UTI. Em relatório recente, o Banco Mundial alertou que a pandemia de covid-19 vai provocar a mais ampla turbulência econômica global desde pelo menos 1870 e ameaça desencadear um aumento dramático nos níveis de pobreza em todo o mundo, escreve Luis Barrucho no site da revista Época. Vale a leitura. Mas, para 30 países, este ano será de crescimento - ainda que menor do que o esperado, salvo raras exceções (veja lista no fim desta reportagem). Uma dessas exceções é a Guiana, país vizinho ao Brasil, que deverá apresentar crescimento superior a 50% neste ano, o maior do mundo, devido à descoberta do petróleo - embora o preço da commodity tenha caído a um dos menores níveis da história. A nação também será a única a crescer na América Latina e no Caribe. Das regiões do globo, apenas o Leste da Ásia e Pacífico vão apresentar crescimento (0,5%), principa

Jane Goodall: “Não deixarei que sujeitos como Trump e Bolsonaro me façam calar. Morrerei lutando”

A pesquisadora britânica, pioneira no ativismo ambiental, viveu entre os primatas e luta contra a mudança climática. Ela fala do impacto da crise da covid-19 e da necessidade de respeitar a natureza em entrevista a Ana Fernández Abad, publicada no El País, dia 22/6. Continua abaixo. Por causa da crise sanitária da covid-19, Jane Goodall (Londres, 1934) voltou às suas raízes. Normalmente, a primatologista é uma ativista nômade que viaja 300 dias por ano para dar conferências e acompanhar os projetos que o Instituto Jane Goodall (IJG) desenvolve em todo mundo. Aos 86 anos, foi obrigada a interromper esse ritmo frenético e retornou a Bournemouth, cidade no sul da Inglaterra onde sua família foi morar em 1940. “Esta é a casa onde cresci e estamos nela minha irmã e eu, sua filha, o noivo dela e dois netos, e às vezes também meu filho. No começo achei que esta parada não serviria para nada. Mas me pus a trabalhar e me propus a fazer duas coisas: primeiro, transmitir mensagens ao exterior e

Wassef, o fiel advogado que virou uma bomba prestes a explodir

Após a prisão do ex-assessor, investigado em suposto esquema de rachadinha, o advogado e dono do esconderijo em Atibaia deu sucessivas entrevistas à imprensa que se contradizem, escreve Felipe Betim no El País em matéria publicada dia 24/6 no site do periódico. Frederick Wassef está uma pilha de nervos. Com livre trânsito nos bastidores do poder, ele se comporta ―ou se comportava― como o Sancho Pança de Jair Bolsonaro. Enquanto na frente das câmeras o presidente segue em sua luta quixotesca contra os moinhos de vento ―a “histeria” do coronavírus, os governadores, o PT, o comunismo e toda sorte de delírio―, o advogado agia fora dos holofotes para manter o controle das batalhas reais que acontecem nos tribunais. Até que a polícia bateu na porta de seu imóvel em Atibaia (SP), às seis da manhã da quinta-feira 18 de junho, e encontrou Fabrício Queiroz. O ex-policial movimentou cerca de três milhões de reais entre 2007 e 2018, segundo o Ministério Público do Rio, sob o comando do então dep

Amyr Klink e a quarentena: cem dias entre tubarões e tédio

Numa entrevista ao “podcast” da revista “Quatro Cinco Um”, que foi ao ar em abril, Amyr Klink relata a Paulo Werneck um experimento que fez durante a quarentena: tentar simular em terra a atmosfera que viveu ao cruzar o Oceano Atlântico a remo, em 1984. Com o velho barco da travessia pendurado numa estrutura geodésica no quintal de casa, em Paraty, o navegador achou que seria divertido lembrar por uma noite do balanço físico e da sensação de confinamento naquela “célula habitável” de 88 cm de altura, menos de um metro de largura e 2,20m de comprimento na qual dormiu, comeu e trabalhou por cem dias, escreve Michel Laub em sua coluna semanal no Valor, publicada às sextas-feiras. Continua abaixo. “Quase fiquei louco lá dentro”, diz Amyr, que desceu do barco em menos de seis horas. Não por claustrofobia ou solidão, problemas que ele evidentemente não tem, e sim pela angústia de estar “parado”, conceito familiar a todos os que atravessamos esses também cem dias em que o mundo deixou de te

Como identificar um autocrata

O presidente americano Donald Trump pode até perder a reeleição em novembro, mas já inscreveu seu nome na história política dos Estados Unidos de maneira insólita. Trump é o primeiro presidente do país a desprezar as atribuições do cargo. Usou e abusou do discurso racista, misógino e preconceituoso contra minorias e líderes de outros países. Ignorou o Congresso recorrendo a decretos, destratou o Judiciário e adotou a mentira, repetida à exaustão, como arma política para justificar suas ações, atacar opositores e hostilizar a imprensa, escreve Por José Eduardo Barella em artigo publicado dia 26/6 no Valor Econômico. Vale a leitura, continua abaixo. Mais do que um inventário das grosserias cometidas pelo presidente americano, há três anos na Casa Branca, “Surviving Autocracy” (Sobrevivendo à Autocracia, inédito em português), livro recém-lançado nos EUA pela jornalista e escritora russo-americana Masha Gessen, se propõe a estabelecer um método para o comportamento errático de Trump, cu

O brilho de Brás Cubas, de Machado de Assis, em inglês

Nova tradução de “Brás Cubas” para o inglês recém-lançada pela Penguin Classics é bem recebida no mercado americano, escreve Marina Della Valle em resenha para o Valor, publicada dia 26/6, íntegra abaixo. No último dia 3, um artigo na prestigiosa revista “The New Yorker” chamou atenção dos leitores brasileiros: o escritor americano Dave Eggers, autor de “O Que É o Quê” e “Zeitoun”, falava da redescoberta de “um dos livros mais espirituosos já escritos” - a saber, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, obra central de Machado de Assis (1839-1908). Ou melhor, “The Posthumous Memoirs of Brás Cubas”, tradução de Flora Thomson-DeVeaux, lançada um dia antes pelo selo Penguin Classics, que traz o texto de Eggers como introdução. Flora, de 28 anos, nativa de Charlottesville, no Estado americano de Virginia, e moradora do Rio desde 2017, ficou feliz com a boa recepção da tradução, mas percebeu que ela era maior do que esperava quando amigos começaram a dizer que não conseguiam comprar o livro em

Veja: Frederick Wassef diz que escondeu Queiroz para ‘proteger’ Bolsonaro

Em entrevista exclusiva a Daniel Pereira e Sergio Ruiz Luz, repórteres da revista Veja, advogado afirma que havia uma trama para matar o ex-policial e responsabilizar o presidente pelo crime. Abaixo a íntegra da matéria publica na edição desta semana da revista. Desde a prisão do policial aposentado Fabrício Queiroz, no último dia 18, o advogado Frederick Wassef perdeu o sono. Dono da casa em Atibaia onde o amigo de Jair Bolsonaro e faz-tudo do senador Flávio Bolsonaro foi detido, Wassef passa as noites em claro, trocando mensagens de texto por meio de dois aparelhos celulares dos quais não desgruda por nada. Durante o dia, alterna lampejos de euforia com mergulhos em momentos de depressão, nos quais sua verborragia incontida dá lugar a rápidas pausas — dramáticas, quase cênicas — para respiração. “Entrei em modo guerra. Quando isso acontece, viro o diabo”, disse ao receber VEJA na quarta-feira 24. Hoje, a guerra dele parece perdida. Ao dar guarida a Queiroz, suspeito de ser laranja

Geraldo Samor: Por que o Itaú deveria vender a XP

Vale a leitura do artigo do jornalista e editor do Brazil Journal, publicado no site dia 26/6, sobre a disputa envolvendo a corretora e o banco, que dominou as redes durante a semana que passou. Íntegra abaixo. Nem todo casamento dura para sempre. Quando pagou R$ 6 bilhões por 49% da XP em meados de 2017, o Itaú Unibanco fez um dos melhores negócios da história do sistema financeiro no Brasil. Não só o banco fez um “hedge” de sua franquia como conseguiu multiplicar seu investimento por 11 em apenas três anos — sem falar na opção para comprar mais 12,5% da corretora em 2022. Mas agora, com as crescentes diferenças de perfil entre as partes e os conflitos advindos da dupla posição do Itaú — concorrente e acionista — talvez tenha chegado a hora de cada lado seguir seu caminho. A forma mais inteligente de operacionalizar o divórcio: em vez de vender sua participação na XP no mercado, gerando um imposto sobre ganho de capital brutal, o Itaú poderia fazer o spinoff da posição, dando a