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Mostrando postagens de dezembro, 2019

Dica da Semana: Roberto Marinho, O Poder Está No Ar, livro

Leonêncio Nossa: a biografia definitiva do homem que criou o JN É impossível entender a história brasileira dos últimos 100 anos sem conhecer a trajetória do jornalista e empresário Roberto Marinho, homem que consolidou o maior grupo de comunicação do país. E para isto, a leitura da biografia escrita pelo também jornalista Leonêncio Nossa é fundamental. O livro apresenta a primeira fase da vida de Marinho, abrangendo justamente o período em que ele assumiu a direção do jornal O Globo após a morte de seu pai, Irineu, até a criação do Jornal Nacional, até hoje o programa jornalístico mais influente no Brasil. Roberto Pisani Marinho nasceu em 3 de dezembro de 1904, no Rio de Janeiro, e faleceu em São Paulo no dia 6 de agosto de 2003. Teve uma vida fascinante, como as 543 páginas do livro retratam com bastante detalhes. Logo no início, aliás, o autor levanta uma questão central da personalidade do dono da TV Globo: Marinho era mulato e tinha vergonha disto, chegando até mesmo a usar pó

Ruth de Aquino: o atentado ao humor

Excelente texto sobre o grave episódio envolvendo os humoristas, nesta semana. Publicado na quita, 26/12, no jornal O Globo. Faz quase cinco anos que a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo sofreu um atentado terrorista que chocou o mundo. Foi um massacre. Com fuzis Kalashnikov, muçulmanos encapuzados mataram doze pessoas, a maioria jornalistas. O motivo foi a publicação de caricaturas consideradas ofensivas à religião islâmica. O cartunista e o editor estavam entre os mortos. Os terroristas saíram gritando: “Vingamos o profeta Maomé”. Era 7 de janeiro de 2015. Eu estava em Paris. Escrevi sobre “a liberdade assassinada”. Fui à manifestação pela paz e contra a intolerância, me juntando, com um lápis em punho, a cerca de um milhão e meio de pessoas. Agora estou no Rio de Janeiro. Impossível não lembrar Charlie Hebdo ao ler sobre o suposto atentado com coquetéis molotov à sede do Porta dos Fundos. O motivo seria o especial de Natal dos humoristas, que exibe um Jesus Cristo g

Época: o fim do Newseum

Uma tristeza a notícia que traz Eduardo Tessler, de Washington, na revista Época da semana passada, edição dupla de final de ano. Abaixo, a íntegra da excelente reportagem. Durou pouco mais de 11 anos e meio a odisseia de manter aberto um museu inteiramente dedicado a notícias. O Newseum, complexo de seis andares dedicados ao jornalismo, em Washington DC, nos Estados Unidos, vai fechar. Não bastaram os 815 mil visitantes anuais do museu, que pagam até US$ 25 pelo ingresso: o modelo de negócios foi superado pela velocidade da informação. No dia 31 deste mês, o Newseum abre pela última vez. Depois, o acervo será retirado do prédio, que foi vendido à Universidade Johns Hopkins por US$ 372,5 milhões. A cerca de dez quadras do edifício que hospeda o Newseum desde 2008 fica a redação do jornal The Washington Post. Todos os dias, o Post publica, logo abaixo de seu logotipo, a frase “A democracia morre na escuridão”. O prédio da Avenida Pennsylvania — a “rua principal dos EUA”, segundo os p

Reinaldo Azevedo: Moro conspira abertamente contra Bolsonaro. E, aí, “Mito”? Vai ser jantado?

Muito lúcida a análise do blogueiro e colunista da Folha, publicada no UOL quinta, 26/12 Vale a leitura, íntegra abaixo. Sim, meus caros, gozo de justíssimas férias, mas cedo alguns minutos do meu descanso a uma questão bastante relevante. O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei anticrime aprovado pelo Congresso. Vetou 25 dispositivos — torço para que os vetos sejam derrubados —, mas manteve o juiz de garantias, que Sergio Moro queria evitar a qualquer custo. Quero me fixar agora no par Moro-Bolsonaro e faço de saída uma pergunta: até quando o presidente da República permitirá que seu ministro da Justiça conspire contra ele abertamente? O "Mito", com sua fama de valentão, vai ser jantado assim, sem reação? Tão logo Bolsonaro anunciou seus vetos — e sem ceder à vontade de Moro —, o ministro da Justiça foi para o Twitter e escreveu: "Sancionado hoje o projeto anticrime. Não é o projeto dos sonhos, mas contém avanços. Sempre me posicionei contra algumas in

Tati Bernardi: o mundo não vai acabar

Que ansiedade desembestada é essa que nos acomete no final do ano? Olha, se você não encontrar a Dani (amiga da qual você nem gosta tanto e que não vê há oito meses) antes do dia 31 de dezembro, o mundo não vai acabar. Tem aí janeiro logo na sequência, depois vem fevereiro e, reza a lenda, 2020 chega contendo 12 meses. Não precisa ficar sete horas parada no trânsito da árvore do Ibirapuera e entrar em um desespero maluco para dar um abracinho na Dani (da qual você, vamos lembrar, nem gosta tanto e que não vê há oito meses). Se lhe faltar vivacidade para aparecer no “último happy hour do ano” da empresa que te explorou, te humilhou, fez fofoca sobre a sua vida sexual e fez meme da sua face com olheiras chamando-lhe de filhote de panda, o que de tão horrível pode lhe acontecer? Sério que em plena sexta-feira você, com enxaqueca, vai pegar um engarrafamento histórico até um bar ridículo do Itaim para abraçar gente que você desejou esse tempo todo que pegasse micose anal? Por que cac

Shoppings têm melhor Natal em nove anos

Aparentemente, começou a retomada da economia brasileira, após quase seis anos de recessão ou crescimento pífio do PIB. É uma excelente notícia, conforme atesta a matéria do Valor. “As vendas de lojistas de shopping centers no Natal subiram 9,5% em relação a 2018, informou ontem a Alshop, associação do setor. É a maior taxa de crescimento desde 2010, quando a alta atingiu 13%, calculou o Valor com base no histórico de dados da pesquisa. Acaba sendo, portanto, também o melhor desempenho comparado aos anos de crise no varejo, de 2014 a 2018 - o pior período da história do segmento no país”, publica hoje o jornal, íntegra da matéria abaixo. Se 2020 não houver crise externa – sempre pode haver – nem turbulência política – também pode acontecer -, o Brasil deve viver um período de desenvolvimento mais intenso, o que é bom para recuperar a meia década perdida. Aumento de empregos e liberação do FGTS contribuíram Por Adriana Mattos As vendas de lojistas de shopping centers no Natal subira

“Estamos em uma batalha de narrativas”, diz Lilia no Valor

Vale a leitura da excelente entrevista da antropóloga ao Valor Econômico, publicada nesta sexta, 27/12. Por Malu Delgado — De São Paulo Um governo que produz as próprias verdades sem compromisso com a história e com a ciência. A avaliação da antropóloga e historiadora, Lilia Schwarcz, sobre o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro não é suave. Disposta a deixar o hermetismo da academia e se lançar nas redes sociais, a professora da USP acha que num momento de disputa de narrativas históricas como o atual, os intelectuais devem sair a campo e encarar o debate público. Governos deste tipo, afirma, atuam “no sequestro social”. A seguir, os principais trechos da entrevista: Valor: Que balanço faz deste primeiro ano de gestão de Bolsonaro? Lilia Schwarz: Democracia é um regime, por definição, inconcluso. É preciso conquistar a cada dia nossos direitos. Nos últimos 30 anos, os brasileiros conviveram com uma democracia, senão absoluta, pelo menos plena: as instituições funcionaram de

Supermercado Schwarz, por Mario Sergio Conti

Sensacional o texto, vale a leitura. Roberto Schwarz diz no recém-lançado “Seja Como For” (34/Duas Cidades, 447 págs.) que “um pouco de contemplação não faz mal a ninguém”. Deve ser verdade, ainda mais agora que o nosso grande crítico bota um chapéu para se proteger da rinite. Contemple-se, então, a seguinte afirmação do livro: “não inventamos o romantismo, o naturalismo, o modernismo ou a indústria automobilística. Mas não bastava adotá-los para reproduzir a estrutura social de seus países de origem”. Nos tempos que correm, portanto, enaltecer a globalização não implica viver numa sociedade industrializada como a alemã, ter a taxa de emprego americana ou o padrão tecnológico japonês —em ser cosmopolita. Implica, isso sim, em produzir matérias-primas para as metrópoles. Em criar gado em terra indígena. Em queimar a Amazônia. Em empestear a terra com agrotóxicos. Tudo isso prescinde de indústrias, dá pouco emprego e não moderniza. É a barbárie, e não um passo para chegar a uma naçã

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no período d

Amir Labaki: ‘Democracia em Vertigem’ é semifinalista em Oscar global e feminino

No Valor, o colunista informa que o belo filme de Petra Costa poderá levar o Oscar no próximo ano, o que este blog acha justíssimo! Incluindo “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, a lista de 15 semifinalistas ao Oscar 2020 de melhor documentário de longa-metragem, revelada na última segunda-feira, não trouxe grandes surpresas. Comentei aqui, em 4 de outubro passado, 12 dos indicados, dentro da mostra Short List, do Festival de Documentários de Nova York (DOC NYC). Dos 15 títulos daquela relação, caíram três dos mais convencionais (“Ask Dr. Ruth”, “The Elephant Queen” e “The Kingmaker”) e entraram “Defensora”, de Rachel Leah Jones e Philippe Bellaiche, concorrente no É Tudo Verdade 2019; “Aquarela”, do russo Victor Kossakovsky; e “Maiden”, de Alex Holmes. O DOC NYC fez bonito, mas a Academia fez ainda melhor. Além dos méritos próprios, a reconstituição cruzada da trajetória familiar de Petra e da ascensão e queda do PT no poder conquista raro reconhecimento num contexto sadio de

Lauro Jardim: Emilio Odebrecht demite o filho Marcelo da empresa

A crise naquele que já foi um dos maiores conglomerados de infraestrutura no Brasil vai longe. Não deixa de ser uma pena, a companhia tem uma longa história, gerou muitos empregos e realizou grandes obras. Fim de feira, lamentável. Por ordem de Emilio Odebrecht, a empresa que leva o seu nome acaba de demitir Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa. Apesar de afastado de qualquer função executiva desde que foi preso em 2015, Marcelo continuava na folha de pagamentos da empresa. Ganhava R$ 115 mil. Nos últimos meses, desde que foi solto, após sua delação premiada, colocou como sua missão principal destruir aqueles a quem considera os responsáveis pela derrocada da empresa: seu pai, seu cunhado, Maurício Ferro, e alguns executivos. Desde segunda-feira, a guerra interna subiu de patamar com acusações mútuas pela imprensa. Emilio na segunda-feira trocou o presidente, saiu Luciano Guidolin e entrou Ruy Sampaio, um dos executivos em quem mais confia, e deu ordens para que os ataques

Valor: para Eduardo Giannetti, há sinais de riscos à democracia

Excelente a entrevista de Sergio Lamucci com o economista e escritor, segundo o qual há declarações e comportamentos autoritários “que revelam claro descompromisso com a ordem democrática”, embora ainda no plano simbólico. Íntegra a seguir.   O economista e escritor Eduardo Giannetti vê sinais de riscos à democracia no Brasil governado por Jair Bolsonaro. “Há muitas declarações, há muitos comportamentos autoritários que revelam um claro descompromisso com a ordem democrática, mas ainda muito no plano simbólico”, diz ele, para quem um risco institucional pode se concretizar “quando e se houver algum tipo de conflito mais sério entre os Poderes da República”. Na visão de Giannetti, incertezas quanto à estabilidade da ordem democrática podem ser um obstáculo para a transição da retomada cíclica, que enfim parece se firmar, ao crescimento sustentado. Entre os sinais de riscos à democracia, ele cita exemplos como as ameaças do presidente de perseguir a imprensa independente, usando o pod

Valor: Trump usa impeachment como propaganda eleitoral

Muito interessante a análise sobre o processo de impeachment em curso nos Estados Unidos publicado hoje no Valor. Abaixo, a íntegra. De forma inusitada, o presidente Donald Trump vem empregando o impeachment como estratégia central de sua campanha de reeleição Donald Trump será o primeiro presidente condenado pela Câmara dos Deputados dos EUA a buscar a reeleição em mais de 150 anos e, de forma inusitada, vem usando o impeachment como estratégia central de sua campanha. Nos chamados Estados-pêndulo (que hora votam democratas, hora nos republicanos), Trump aposta que os eleitores rejeitarão o processo aberto pelos democratas. A estratégia de Trump tem sido atacar o impeachment e aqueles que conduzem o processo, em vez de praticamente ignorar a ação da Câmara, como fez Bill Clinton em 1998, diz Jason Miller, assessor de comunicações da campanha de Trump em 2016. O presidente vem tendo um notável sucesso em pressionar e persuadir os republicanos do Congresso a apoiá-lo. Nenhum republi

Nizan Guanaes: A pessoa do ano (que vem)

Sensacional o texto do publicitário Nizan Guanaes. Este blog deseja a todos um 2020 no espírito do texto dele e boas festas a todos! Do jeito que as coisas estão, e estarão, melhor pensar no ano que vem do que neste ano que passou. Em 2020, o Brasil deve crescer o dobro de 2019. O primeiro ano da terceira década do século 21 pode ser o primeiro ano do Brasil no século 21. As reformas comandadas por Paulo Guedes e Rodrigo Maia são indispensáveis justamente porque colocam o Brasil neste século de feroz competição global. E, se as reformas não são condições suficientes, elas são condições necessárias para destravar o espírito animal dos empreendedores e empreendedoras agora que a economia começa a voar. Pode ser mais um voo de galinha, se fizermos mais do mesmo, ou um voo de águia, se fizermos as reformas que reduzem custos e liberam forças empreendedoras. O Brasil é um país trabalhador e de empreendedores, que esta crise ajudou a nutrir e a treinar. Quem sobreviveu na empresa depoi