Alegoria de empoderamento feminino que diverte e faz pensar
Não está fácil para ninguém. Clima ficou mais pesado com o passar dos dias de quarentena. Acompanhar tragédias, contagem de corpos, de casos, cansa e deixa todo mundo preocupado, estressado. Então a dica da semana é um filme divertido, em cartaz no Now e outras plataformas, de ação, mas que também faz pensar. Uma alegoria inteligente e atual, que traz o feminismo como questão central na bandida Arlequina, Margot Robbie, em atuação sensacional. Impossível não simpatizar e torcer por ela e as demais mulheres - Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez), que formam um grupo inusitado de anti-heroínas.
Arlequina, porém, se sobressae como protagonista e narradora da trama. É ela quem nos conduz ao longo dos 108 minutos eletrizantes do filme, e é ela quem traz as melhores sacadas, de humor sarcástico, quase memes, e o filme brinca muito com a web, mas claramente a inspiração é Tarantino. Qualquer filme dele, talvez Kill Bill em especial.
“É um mundo de homens, mas eles não seriam nada sem uma mulher ou uma garota.” Os versos da canção de James Brown, lindamente cantados por Canário Negro, são uma das chaves do filme, porque de fato as girls são decisivas e Arlequina mais ainda. Inimigas, as mulheres se juntam e, sem spoileres aqui, fazem a acontecem contra homens que são retratados como um bando de idiotas, mimados e, claro, misóginos.
Mas tudo é um pouco mais complexo, a começar pelo fato de que Arlequina confessa fragilidades, a maior delas a separação do C
oringa, seu ex e mentor na estrada do crime. Fragilizada, mas decidida a tomar seu rumo, a protagonista mostra ao longo do filme porque mereceu um investimento milionário da DC Comics na personagem. Carismática e, claro, linda, rouba a cena.
É bem verdade que o viés politicamente correto prevaleceu, além da loira, há uma negra, uma latina e uma asiática como suporte contra o bandido branco de olhos azuis que arregimenta o andar de baixo – negros, latinos, nenhuma mulher do outro lado, vale ressaltar. E o bando de Arlequina arrasa, em especial na cena de luta na Casa dos Horrores, vencendo sempre por mais inteligência que vigor físico.
O feminismo de fato é central no filme, mas não há uma única referência direta ao movimento. É uma alegoria, e como tal, dispensa referências diretas. Mas não há como não perceber, tudo fica muito claro ao longo da narrativa em que um bando de mulheres se une para fazer justiça, ainda que de forma reativa e violenta. Faz parte, até porque mulheres são historicamente vítimas da violência que impingem.
Ao fim e ao cabo, é um filme que faz pensar por trazer a questão do empoderamento feminino de forma leve e divertida, mas com a assertividade que o tema merece. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães, em 11/4/20).
Não está fácil para ninguém. Clima ficou mais pesado com o passar dos dias de quarentena. Acompanhar tragédias, contagem de corpos, de casos, cansa e deixa todo mundo preocupado, estressado. Então a dica da semana é um filme divertido, em cartaz no Now e outras plataformas, de ação, mas que também faz pensar. Uma alegoria inteligente e atual, que traz o feminismo como questão central na bandida Arlequina, Margot Robbie, em atuação sensacional. Impossível não simpatizar e torcer por ela e as demais mulheres - Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez), que formam um grupo inusitado de anti-heroínas.
Arlequina, porém, se sobressae como protagonista e narradora da trama. É ela quem nos conduz ao longo dos 108 minutos eletrizantes do filme, e é ela quem traz as melhores sacadas, de humor sarcástico, quase memes, e o filme brinca muito com a web, mas claramente a inspiração é Tarantino. Qualquer filme dele, talvez Kill Bill em especial.
“É um mundo de homens, mas eles não seriam nada sem uma mulher ou uma garota.” Os versos da canção de James Brown, lindamente cantados por Canário Negro, são uma das chaves do filme, porque de fato as girls são decisivas e Arlequina mais ainda. Inimigas, as mulheres se juntam e, sem spoileres aqui, fazem a acontecem contra homens que são retratados como um bando de idiotas, mimados e, claro, misóginos.
Mas tudo é um pouco mais complexo, a começar pelo fato de que Arlequina confessa fragilidades, a maior delas a separação do C
oringa, seu ex e mentor na estrada do crime. Fragilizada, mas decidida a tomar seu rumo, a protagonista mostra ao longo do filme porque mereceu um investimento milionário da DC Comics na personagem. Carismática e, claro, linda, rouba a cena.
É bem verdade que o viés politicamente correto prevaleceu, além da loira, há uma negra, uma latina e uma asiática como suporte contra o bandido branco de olhos azuis que arregimenta o andar de baixo – negros, latinos, nenhuma mulher do outro lado, vale ressaltar. E o bando de Arlequina arrasa, em especial na cena de luta na Casa dos Horrores, vencendo sempre por mais inteligência que vigor físico.
O feminismo de fato é central no filme, mas não há uma única referência direta ao movimento. É uma alegoria, e como tal, dispensa referências diretas. Mas não há como não perceber, tudo fica muito claro ao longo da narrativa em que um bando de mulheres se une para fazer justiça, ainda que de forma reativa e violenta. Faz parte, até porque mulheres são historicamente vítimas da violência que impingem.
Ao fim e ao cabo, é um filme que faz pensar por trazer a questão do empoderamento feminino de forma leve e divertida, mas com a assertividade que o tema merece. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães, em 11/4/20).
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