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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Dica da Semana: Manhunt: Unabomber, Netflix

Caçada ao terrorista mais famoso dos EUA rende série matadora Existem filmes e séries baseadas em casos reais em que o caso em si é tão espetacular que prendem a atenção de quem assiste mesmo se a produção não for lá essas coisas. Este não é, definitivamente, o caso de Manhunt: Unabomber, em cartaz no Netflix e produzido pelo canal Discovery.  A série retrata a caçada do FBI a Ted Kaczynski, criminoso que aterrorizou os EUA de 1978 a 1995, enviando cartas e pacotes-bomba pelo correio, matando três pessoas e ferindo e mutilando outras 23. O assassino se tornou célebre também por ter escrito um manifesto anárquico anti-industrialização, intitulado “A Sociedade Industrial e Seu Futuro”, que também traz atualidade ao enredo nestes tempos de revolução tecnológica – muito do que está no manifesto faz até mais sentido hoje do que fazia nos anos em que a história se passa. A produção da Discovery é impecável, a fotografia, em especial da natureza do estado de Montana, onde o terrorista se r

Superpoderes, filmes dos anos 1980 e trilha sonora fazem valer 'I Am Not Ok with This', da Netflix

Boa resenha de Luciana Coelho, publicada na sexta, 28/12, na Folha de S. Paulo. Vale a leitura. Talvez nada em “I Am Not Ok with This” supere sua trilha sonora, que costura punk rock a Muddy Waters e A-ha com tanta destreza que dá vontade de sair dançando. Ainda assim há motivos suficientes para assistir a esse romance sobre dores adolescentes que a Netflix estreou na quarta (26), assinado pelos criadores da boa “The End of the F***ing World”. Um deles é exatamente a similaridade com a série anterior, já em sua segunda temporada na mesma Netflix. Ambas tratam da ebulição emocional da adolescência e das dificuldades em se ajustar ao mundo e a suas regras. Ambas, também, derivam da obra do quadrinista indie americano Charles Forsman, celebrado pelo realismo/intimismo de suas histórias. E, como em “The End”, “I Am Not Ok” está centrada em um personagem adolescente de poucos amigos, o lento entendimento de sua sexualidade, a dificuldade em comunicar seus desejos e em reconhecer seus

Governo contra o Congresso: crônica de uma crise anunciada

Monica Gugliano  escreve no Valor uma ótima reportagem sobre a crise política vivida nos últimos dias. Escreve a jornalista: enquanto novos conflitos e tensões surgiam em Brasília, o Alto Comando do Exército fazia sua primeira reunião do ano. Embora já estivesse no calendário de 2020, a reunião ganhou, na semana passada, sentido de urgência com a necessidade de escolher um substituto para o general Walter Braga Netto, ex-chefe do Estado Maior, o segundo na hierarquia da Força. Braga Netto tomou posse como ministro-chefe da Casa Civil no dia 18. Foi nomeado ainda na ativa, mas antecipou sua aposentadoria, prevista para o fim de março. Pediu sua passagem para a reserva e aliviou o Exército da leitura de que os comandantes tentam a todo custo amenizar, especialmente agora com o retorno da ala militar ao centro do poder: a de que a Força virou parte do governo. “A inquietação dos generais nos dias de hoje faz todo sentido porque se trata de aposta de risco para a imagem do Exército e das

Vinicius Torres Freire: economia não tem bala para enfrentar o coronavírus

O colunista da Folha analisou em 28/2 as consequências da epidemia mundial - o primeiro caso no Brasil foi registrado esta semana. Escreve o jornalista: medidas econômicas para enfrentar efeito de epidemia maior são frágeis ou lerdas. Não se sabe se os governos do mundo terão capacidade de conter o avanço do novo coronavírus, é óbvio dizer. Teriam capacidade de evitar que a epidemia ou pandemia derrubem o crescimento das economias? Hum. Fora da China, o efeito mais evidente da doença é o pânico nos mercados financeiros, que pode vir a ter impacto na economia real, mas é apenas uma parte do problema ou seu mero começo. Como já deve estar claro para qualquer leitor de jornais, a parada chinesa limita o fornecimento de materiais para indústrias mundo afora, fábricas que podem vir a produzir menos ou mesmo parar. As notícias sobre a doença podem também baixar a confiança de consumidores e levar empresas a colocar o pé no freio de novos negócios. Os tombaços no mercado financeiro induzem

Mundo das fake news: por que a verdade vem perdendo relevância

Excelente reportagem sobre tema super atual, escrito por Laura Greenhalgh para o Valor, publicada na sexta-feira, 28/02, no jornal. Texto na íntegra, abaixo. Há pelo menos meio século, habitantes deste planeta esférico perceberam que a humanidade caminhava a passos largos para a era da informação. Assim a aldeia global, preconizada pelo escritor canadense Marshall McLuhan (1911-1980), nos anos 1960, foi tecendo sua trama de proximidades, numa utopia envolvente - ainda que um outro escritor, o britânico Eric Arthur Blair (1903-1950), mais conhecido como George Orwell, já houvesse alertado para os riscos de um mundo hiperconectado no célebre “1984”, livro publicado no fim dos anos 1940. No mundo pós-guerra, Orwell ofereceu a antevisão de uma distopia futurista, passível de novas e inusitadas formas de totalitarismo. Hoje a humanidade começa a se dar conta de um tempo que muitos vêm chamando de “a era da desinformação”. Trata-se de uma negação apenas aparente do que se falou há 50 anos

Conti: no Brasil, dá-se por feliz o trabalhador que pedala 30 km e 12 horas por dia

O colunista da Folha de S. Paulo escreve hoje um belo artigo sobre as promessas e infortúnios do admirável mundo novo da economia de aplicativos. Abaixo, na íntegra, o texto de Mario Sergio Conti. Que trabalhar é uma maldição se sabe desde a Bíblia: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto”. No Brasil, dá-se por feliz o trabalhador que pedala 30 km e 12 horas por dia, fazendo entregas seis dias por semana. Sua renda mensal é de R$ 1.000. Não tem hora extra, plano de saúde, 13º, férias. Mas tem uma bicicleta. Ela faz com que não seja um empregado. Quem disse isso foi a 37ª Vara de Trabalho de São Paulo. No mês passado, ela usou um conceito marxista para dar ganho de causa à iFood e à Rapiddo: dono do “meio de produção”, o entregador não tem vínculo empregatício com a empresa. Logo, é um autônomo, quiçá um burguês. Não precisa de direitos trabalhistas. Isso apesar de, como moram longe, os entregadores por vezes dormirem na rua —com a cabeça enfiada no caixote da comida para atenuar o

Dica da semana: Monsieur e Madame Adelman, filme

Comédia romântica “subversiva”: um casal em quatro décadas Quando Sarah (Doria Tillier) avistou Victor Richemont (Nicolas Bedos) pela primeira vez, ela soube que sua vida giraria para sempre em torno dele, estava atraída “como uma mariposa a uma lâmpada”. Aspirante a escritor, ele afogava as mágoas num bar após seu livro ter sido recusado para publicação. Determinada, ela não descansa até engatar um papo que terminaria na casa dele. Embriagado, ele cai no sono e acorda com a jovem terminando a leitura e anotações em seu romance manuscrito – agora, sim, em condições de ser publicado, diz ela, pronta para debaterem as correções – exagero na citação de autores, erros em estruturas de parágrafos e outros. Ele perplexo. Ela em casa, aluna de doutorado em Letras Modernas. Este poderia ser o início do romance, mas não ainda no caso de Monsieur e Madame Adelman (França, 2017). A história de amor de Sarah com Victor custou a ela um esforço maior. E este empenho feminino, primeiro em conquist

Piauí: greve, motim e chantagem pelo poder

O fato da semana sem dúvida foi o inacreditável ataque ao senador Cid Gomes, baleado enquanto enfrentava policiais amotinados na quarta-feira, 19/2.  Renato Sérgio De Lima e Arthur Trindade Maranhão Costa publicaram na Piauí uma análise do que ocorreu:  o atentado sofrido na última quarta-feira (19) pelo senador Cid Gomes (PDT), em Sobral, no Ceará, trouxe à tona mais uma vez o debate sobre a incapacidade de os governadores controlarem suas polícias e sobre a influência do projeto populista de poder do presidente Jair Bolsonaro junto aos policiais brasileiros. Cid Gomes sofreu duas perfurações por arma de fogo quando, em seu estilo pouco afeito a contemporizações, pilotava uma retroescavadeira na tentativa de furar o bloqueio de supostos policiais encapuzados diante de um batalhão da PM em Sobral. Horas antes, os encapuzados já haviam circulado pela cidade a bordo de carros da polícia exigindo que o comércio fechasse suas portas. A segurança da população ficou refém da política e virou

O adeus a Zé do Caixão, o pai do terror nacional

Diogo Magri faz uma bela homenagem no El País ao grande cineasta morto nesta semana. Publicado em 20/1, fica também nossa homenagem a José Mojica Martins, gênio, cult, diferente e sobretudo, brasileiro. Unhas assustadoramente grandes, barba, cartola e roupas pretas compõem a aparência de uma figura inconfundível. Zé do Caixão se tornou tão famoso que o personagem se confunde com o criador. Considerado o pai do cinema de terror brasileiro, estrela de seis filmes e premiado internacionalmente, Zé é obra de José Mojica Marins, ator e cineasta que morreu na tarde desta quarta-feira, 19 de fevereiro, aos 83 anos, em São Paulo, em decorrência de uma broncopneumonia. Marins estava internado há cerca de 20 dias no hospital Santa Maggiore, desde que contraiu uma infecção que evoluiu para pneumonia. Ele deixa sete filhos, 12 netos e uma carreira que o coloca entre os cineastas mais notórios da história. Dos 83 anos de vida, foram 71 atrás (e na frente) das câmeras. Mojica, cujos pais eram esp

Hussein Kalout na Época: Bloomberg correndo por dentro

Agora a visão brasileira sobre as eleições americanas, publicada na Época em 19/2; Escreve o colunista: ao investir numa corrida paralela às prévias, o candidato chega na reta final com intensidade e com o índice de popularidade ascendente, aproveitando-se do derretimento de alguns de seus competidores, em particular Biden e Warren. A eleição americana de 1960 entre o Democrata, John F. Kennedy, e o Republicano, Richard Nixon, ficou marcada na história política dos EUA como um dos mais acirrados duelos pelo inquilinato da Casa Branca. A disputa entre Kennedy e Nixon colocava sob os holofotes dois desafios que, naquela época, constituíam o pano de fundo desse épico confronto. No cerne do teatro político estava, de partida, o inglório desafio de suceder o Presidente Dwight Eisenhower, um herói da Segunda Guerra Mundial e um dos mais populares presidentes da história americana. Não menos relevante, ambos os candidatos estavam diante da tarefa nada trivial de convencer o eleitorado de qu

FT: Bloomberg e Sanders fazem uma disputa de soma zero

Publicamos duas visões sobre a disputa democrata nos EUA: a que vai abaixo, do Financial Times, e outra, no próximo post, um visão brasileira. Boa leitura. Por Edward Luce — Financial Times Nos acidentes em câmera lenta, é possível vislumbrar as rotas de colisão um bom tempo antes. Infelizmente, não temos como apertar o botão do controle remoto. O debate democrata de quarta-feira à noite nos EUA foi o mais agressivo até agora - e Michael Bloomberg foi o claro perdedor. Em algum momento, porém, a corrida democrata deverá resumir-se a uma luta entre ele e Bernie Sanders. Há poucas maneiras de uma disputa do tipo soma zero entre um velho bilionário autofinanciado e um velho socialista teimoso acabar num armistício amigável. Mas há muitas maneiras de acabar de fato em colisão. Quase nenhuma teria um fim feliz para os democratas, a não ser que aconteça o menos provável, isto é, uma vitória arrasadora de um sobre o outro. As similaridades entre a campanha de Sanders e a de Donald Trump

Época: a aposta alta na legalização dos jogos no Brasil

Este blog é totalmente favorável à legalização do jogo no Brasil. Apenas Brasil, Cuba e Venezuela não permitem o jogo nas américas e, no mundo, só os países islâmicos nos acompanham. É uma completa perda de oportunidade, inclusive para incremento no turismo. Como reporta a revista, depois de sete décadas de proibição, o lobby do jogo ganha força, impulsionado pela possibilidade da volta dos cassinos. Íntegra do texto publicado nesta sexta, 21/2, abaixo: Por Thais Arbex, Marco Grillo e Bruno Góes Não funcionaram mais os cassinos”, estampou a manchete do jornal O Globo do dia 2 de maio de 1946, uma quinta-feira. “O decreto extinguindo o jogo em todo o território nacional, assinado na manhã de terça-feira, já à tarde aparecia no Diário Oficial, e, assim, entrava, automaticamente, em vigor. Por isso mesmo, os cassinos do Rio, por deliberação de seus diretores e obedecendo às determinações da lei moralizadora, já não funcionaram naquele dia”, informava o jornal. Passados quase 74 anos, e