A polêmica sobre a denúncia do jornalista Glenn Greenwald pelo MPF gira em torno muito mais do tema liberdade de expressão do que de um caso particular, e a repercussão foi global, como se pode ver na matéria publicada por Anderson Scardoelli no Comunique-se na quarta-feira, 22/1. Nesta sexta, o New York Times dedicou um editorial ao assunto, bastante crítico sobre a postura do MP e do governo brasileiro. Vale a leitura.
Repúdio. Essa é a palavra que define os posicionamentos de ao menos quatro entidades sobre o fato de Glenn Greenwald ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). Editor do site The Intercept Brasil, o jornalista norte-americano foi denunciado na terça, 21, no âmbito da Spoofing. A operação apura a invasão de celulares de autoridades, como Sergio Moro. O ministro da Justiça é personagem central da série de reportagem ‘Vaza Jato’.
Entidade internacional clama: protejam os jornalistas
Uma das primeiras a se posicionar contra a denúncia, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) demonstrou apoio do comunicador. Em nota assinada por seu presidente, Paulo Jerônimo de Sousa, a entidade centenária manifestou sua “irrestrita solidariedade ao jornalista Glenn Greenwald”. A ação do MPF foi classificada como “absurda”, “inepta” e “tentativa grotesca de manipulação”. “Um atentado à Constituição”, define a nota divulgada pela ABI.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tem entendimento similar ao da ABI. De acordo com associação, a atitude do MPF não tem apenas Glenn Greenwald como alvo. Para ela, a ação “viola a liberdade de imprensa” no país. A Abraji lembra que a Polícia Federal não encontrou indícios do envolvimento do jornalista no caso de crime cibernético. Salienta, ainda, que o editor do site The Intercept “não sugere, orienta ou ordena a destruição do material [dos hackers]”.
“A denúncia contra Glenn Greenwald é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua então fonte. Tem como único propósito constranger o profissional, como o texto da denúncia deixa ver: por duas vezes, o procurador refere-se a Greenwald com o termo jornalista entre aspas, como se ele não se qualificasse como tal – e como se coubesse a um membro do MPF definir quem é ou não jornalista”, critica a direção da Abraji.
Jornalismo sob ameaça
No mesmo caminho de ABI e Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também entrou para a lista de entidades que repudiaram a denunciam do MPF. E foi mais uma a sinalizar que decisões como essa afetam o jornalismo como um todo, não apenas o comunicador norte-americano. “Uma forma de intimidação ao jornalista e uma ameaça à atividade jornalística”, pontuou a equipe da instituição. O texto foi divulgado na noite de terça-feira.
“O interesse público e a busca da informação verdadeira são os motores da atividade jornalística e nenhum profissional pode ser denunciado como suspeito de ter cometido um crime, justamente por honrar o compromisso de sua profissão”, afirma a Fenaj. “Ao jornalista não cabe o papel de recusar ou não divulgar informações de interesse público, porque obtidas de fontes anônimas e/ou sigilosas”, complementa a entidade sobre o caso envolvendo o editor do site The Intercept Brasil.
Repúdio além da imprensa
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se posicionou a favor de Glenn Greenwald e contra a decisão do MPF. “A denúncia descreve fato que não pode ser considerado crime. A participação em qualquer delito exige instigação ou colaboração efetiva para sua prática, e nenhuma das mensagens do jornalista incluídas no expediente do MPF indica qualquer desses comportamentos”, analisa a entidade por meio de seu Observatório da Liberdade de Imprensa. A OAB mostra, assim, que a decisão do MPF contra Glenn Greenwald causou repulsa para além de entidades de jornalismo.
Repúdio. Essa é a palavra que define os posicionamentos de ao menos quatro entidades sobre o fato de Glenn Greenwald ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). Editor do site The Intercept Brasil, o jornalista norte-americano foi denunciado na terça, 21, no âmbito da Spoofing. A operação apura a invasão de celulares de autoridades, como Sergio Moro. O ministro da Justiça é personagem central da série de reportagem ‘Vaza Jato’.
Entidade internacional clama: protejam os jornalistas
Uma das primeiras a se posicionar contra a denúncia, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) demonstrou apoio do comunicador. Em nota assinada por seu presidente, Paulo Jerônimo de Sousa, a entidade centenária manifestou sua “irrestrita solidariedade ao jornalista Glenn Greenwald”. A ação do MPF foi classificada como “absurda”, “inepta” e “tentativa grotesca de manipulação”. “Um atentado à Constituição”, define a nota divulgada pela ABI.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tem entendimento similar ao da ABI. De acordo com associação, a atitude do MPF não tem apenas Glenn Greenwald como alvo. Para ela, a ação “viola a liberdade de imprensa” no país. A Abraji lembra que a Polícia Federal não encontrou indícios do envolvimento do jornalista no caso de crime cibernético. Salienta, ainda, que o editor do site The Intercept “não sugere, orienta ou ordena a destruição do material [dos hackers]”.
“A denúncia contra Glenn Greenwald é baseada em uma interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua então fonte. Tem como único propósito constranger o profissional, como o texto da denúncia deixa ver: por duas vezes, o procurador refere-se a Greenwald com o termo jornalista entre aspas, como se ele não se qualificasse como tal – e como se coubesse a um membro do MPF definir quem é ou não jornalista”, critica a direção da Abraji.
Jornalismo sob ameaça
No mesmo caminho de ABI e Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também entrou para a lista de entidades que repudiaram a denunciam do MPF. E foi mais uma a sinalizar que decisões como essa afetam o jornalismo como um todo, não apenas o comunicador norte-americano. “Uma forma de intimidação ao jornalista e uma ameaça à atividade jornalística”, pontuou a equipe da instituição. O texto foi divulgado na noite de terça-feira.
“O interesse público e a busca da informação verdadeira são os motores da atividade jornalística e nenhum profissional pode ser denunciado como suspeito de ter cometido um crime, justamente por honrar o compromisso de sua profissão”, afirma a Fenaj. “Ao jornalista não cabe o papel de recusar ou não divulgar informações de interesse público, porque obtidas de fontes anônimas e/ou sigilosas”, complementa a entidade sobre o caso envolvendo o editor do site The Intercept Brasil.
Repúdio além da imprensa
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se posicionou a favor de Glenn Greenwald e contra a decisão do MPF. “A denúncia descreve fato que não pode ser considerado crime. A participação em qualquer delito exige instigação ou colaboração efetiva para sua prática, e nenhuma das mensagens do jornalista incluídas no expediente do MPF indica qualquer desses comportamentos”, analisa a entidade por meio de seu Observatório da Liberdade de Imprensa. A OAB mostra, assim, que a decisão do MPF contra Glenn Greenwald causou repulsa para além de entidades de jornalismo.
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