O presidente norte-americano bateu seu recorde de tuítes em um só dia, enquanto os democratas apresentam no Senado os argumentos para destituí-lo, informa Pablo Guimón, repórter do El País em artigo publicado na sexta-feira, 24/01. Na íntegra, abaixo.
Nada é normal num julgamento do presidente dos Estados Unidos. O tribunal é o Capitólio, os jurados são os senadores, os promotores são deputados, e o acusado não está na sala. Aliás, nos primeiros dias, Donald Trump estava do outro lado do Atlântico enquanto os senadores se sentavam para deliberar sobre seu destino. Mas isso não significa que renuncie a se fazer ouvir. Na quarta-feira, bateu seu próprio recorde de tuítes atacando os democratas. Depois de meses desprezando o processo, a Casa Branca passa à ofensiva.
Às 16h25 da quarta-feira, com apenas três horas transcorridas da segunda jornada do julgamento, Trump acumulava 125 mensagens, entre tuítes originais e retuítes, pulverizando a marca anterior de 12 de dezembro, dia em que a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment. Nesta quinta-feira, a tempestade tuiteira continuou.
De Davos, nos Alpes suíços, onde participou da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, o presidente insultou os gestores do impeachment, o grupo de deputados que faz o papel da acusação, enquanto estes começavam a apresentar o processo contra ele. E disse aos jornalistas que lamentava não estar pessoalmente no Senado para se sentar “na primeira fila” e olhar “os rostos corruptos” dos democratas.
Até agora, para a plateia, o presidente vinha defendendo que tudo continuava igual. Que o que acontece no Capitólio não é senão uma guerra política que ele está ganhando. “Nem sequer dá a sensação de que estou sendo alvo de um impeachment”, dizia em meados de dezembro, num auditório cheio de admiradores em Battle Creek, Michigan, a mil quilômetros do epicentro das manobras para destroná-lo.
Mas, agora, seu ímpeto tuiteiro e suas furiosas declarações têm um denominador comum: o 53. O número de senadores republicanos, aos quais caberá decidir se cumprem ou não o roteiro escrito por Trump com Mitch McConnell, líder da maioria republicana. Os democratas necessitariam de 20 votos republicanos para destituir Trump, algo praticamente impossível, mas se arrumarem apenas 4 desses 53 poderiam convocar testemunhas e solicitar mais documentos, o que colocaria o presidente em apuros.
McConnell, num insólito desafio à separação de poderes, prometeu uma “coordenação total” com a Casa Branca no julgamento. E Trump disse na televisão que gostaria de “uma absolvição rápida”. Mas, ao menos nos primeiros dias, a defesa renunciou a apresentar uma moção para votar pela absolvição imediata do presidente, algo a que teria direito. Isso não significa que não o faça nos próximos dias, mas os líderes republicanos no Senado advertiram que provavelmente perderiam essa votação neste momento do processo.
Os democratas suavizaram seu tom depois de receberem, na madrugada de quarta, uma insólita reprimenda do juiz John Roberts, presidente da Suprema Corte e como tal encarregado pela Constituição de supervisionar o julgamento no Senado. Jerry Nadler, um dos deputados democratas que atuam como promotor, e que ofendeu os senadores republicanos ao tachá-los de “desleais”, posteriormente agradeceu sua “escuta temperada” e sua “paciência”.
Assim, a agressividade ficou a cargo do presidente e dos republicanos, escalando seus ataques aos legisladores democratas que apresentaram a acusação —a quem Trump chegou a qualificar no Twitter de “depravados” e “desonestos”—. Fora do plenário do Senado, durante os recessos, os republicanos criticavam o processo e asseguravam que a exposição dos democratas não lhes oferecia nada de novo. O líder da minoria democrata, Chuck Schumer, aceitou o desafio. “Os republicanos dizem que não escutaram nada novo. Mas na terça-feira votaram nove vezes para não escutar nada de novo. Se quiserem coisas novas, há muitas. Votem com os democratas para pedir mais testemunhas e documentos”, propôs.
Novas cartas serão postas sobre a mesa quando os advogados do presidente tomarem a palavra. Até agora, dadas as regras do julgamento, não puderam responder no plenário aos democratas, que contam com um total de 24 horas, ao longo de três dias, para expor a acusação. Não necessariamente terão que esgotá-los. No impeachment de Bill Clinton, por exemplo, os acusadores não utilizaram todo o seu tempo. Mas tudo indica que desta vez buscarão aproveitar integralmente esse tempo, e que a exposição inicial da defesa começará no sábado e se prolongará, depois de um recesso no domingo, pela semana que vem.
Nada é normal num julgamento do presidente dos Estados Unidos. O tribunal é o Capitólio, os jurados são os senadores, os promotores são deputados, e o acusado não está na sala. Aliás, nos primeiros dias, Donald Trump estava do outro lado do Atlântico enquanto os senadores se sentavam para deliberar sobre seu destino. Mas isso não significa que renuncie a se fazer ouvir. Na quarta-feira, bateu seu próprio recorde de tuítes atacando os democratas. Depois de meses desprezando o processo, a Casa Branca passa à ofensiva.
Às 16h25 da quarta-feira, com apenas três horas transcorridas da segunda jornada do julgamento, Trump acumulava 125 mensagens, entre tuítes originais e retuítes, pulverizando a marca anterior de 12 de dezembro, dia em que a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment. Nesta quinta-feira, a tempestade tuiteira continuou.
De Davos, nos Alpes suíços, onde participou da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, o presidente insultou os gestores do impeachment, o grupo de deputados que faz o papel da acusação, enquanto estes começavam a apresentar o processo contra ele. E disse aos jornalistas que lamentava não estar pessoalmente no Senado para se sentar “na primeira fila” e olhar “os rostos corruptos” dos democratas.
Até agora, para a plateia, o presidente vinha defendendo que tudo continuava igual. Que o que acontece no Capitólio não é senão uma guerra política que ele está ganhando. “Nem sequer dá a sensação de que estou sendo alvo de um impeachment”, dizia em meados de dezembro, num auditório cheio de admiradores em Battle Creek, Michigan, a mil quilômetros do epicentro das manobras para destroná-lo.
Mas, agora, seu ímpeto tuiteiro e suas furiosas declarações têm um denominador comum: o 53. O número de senadores republicanos, aos quais caberá decidir se cumprem ou não o roteiro escrito por Trump com Mitch McConnell, líder da maioria republicana. Os democratas necessitariam de 20 votos republicanos para destituir Trump, algo praticamente impossível, mas se arrumarem apenas 4 desses 53 poderiam convocar testemunhas e solicitar mais documentos, o que colocaria o presidente em apuros.
McConnell, num insólito desafio à separação de poderes, prometeu uma “coordenação total” com a Casa Branca no julgamento. E Trump disse na televisão que gostaria de “uma absolvição rápida”. Mas, ao menos nos primeiros dias, a defesa renunciou a apresentar uma moção para votar pela absolvição imediata do presidente, algo a que teria direito. Isso não significa que não o faça nos próximos dias, mas os líderes republicanos no Senado advertiram que provavelmente perderiam essa votação neste momento do processo.
Os democratas suavizaram seu tom depois de receberem, na madrugada de quarta, uma insólita reprimenda do juiz John Roberts, presidente da Suprema Corte e como tal encarregado pela Constituição de supervisionar o julgamento no Senado. Jerry Nadler, um dos deputados democratas que atuam como promotor, e que ofendeu os senadores republicanos ao tachá-los de “desleais”, posteriormente agradeceu sua “escuta temperada” e sua “paciência”.
Assim, a agressividade ficou a cargo do presidente e dos republicanos, escalando seus ataques aos legisladores democratas que apresentaram a acusação —a quem Trump chegou a qualificar no Twitter de “depravados” e “desonestos”—. Fora do plenário do Senado, durante os recessos, os republicanos criticavam o processo e asseguravam que a exposição dos democratas não lhes oferecia nada de novo. O líder da minoria democrata, Chuck Schumer, aceitou o desafio. “Os republicanos dizem que não escutaram nada novo. Mas na terça-feira votaram nove vezes para não escutar nada de novo. Se quiserem coisas novas, há muitas. Votem com os democratas para pedir mais testemunhas e documentos”, propôs.
Novas cartas serão postas sobre a mesa quando os advogados do presidente tomarem a palavra. Até agora, dadas as regras do julgamento, não puderam responder no plenário aos democratas, que contam com um total de 24 horas, ao longo de três dias, para expor a acusação. Não necessariamente terão que esgotá-los. No impeachment de Bill Clinton, por exemplo, os acusadores não utilizaram todo o seu tempo. Mas tudo indica que desta vez buscarão aproveitar integralmente esse tempo, e que a exposição inicial da defesa começará no sábado e se prolongará, depois de um recesso no domingo, pela semana que vem.
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