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Jane Goodall: “Não deixarei que sujeitos como Trump e Bolsonaro me façam calar. Morrerei lutando”

A pesquisadora britânica, pioneira no ativismo ambiental, viveu entre os primatas e luta contra a mudança climática. Ela fala do impacto da crise da covid-19 e da necessidade de respeitar a natureza em entrevista a Ana Fernández Abad, publicada no El País, dia 22/6. Continua abaixo.

Por causa da crise sanitária da covid-19, Jane Goodall (Londres, 1934) voltou às suas raízes. Normalmente, a primatologista é uma ativista nômade que viaja 300 dias por ano para dar conferências e acompanhar os projetos que o Instituto Jane Goodall (IJG) desenvolve em todo mundo. Aos 86 anos, foi obrigada a interromper esse ritmo frenético e retornou a Bournemouth, cidade no sul da Inglaterra onde sua família foi morar em 1940. “Esta é a casa onde cresci e estamos nela minha irmã e eu, sua filha, o noivo dela e dois netos, e às vezes também meu filho. No começo achei que esta parada não serviria para nada. Mas me pus a trabalhar e me propus a fazer duas coisas: primeiro, transmitir mensagens ao exterior em qualquer formato, conferências, Skype, Zoom… E, depois, tentar entrar em dia e organizar 50 anos de trabalho, porque sempre vinha aqui entre uma viagem e outra, deixava o que precisava e voltava a ir embora. É um pesadelo, mas me faz sentir bem ter minha vida um pouco mais organizada, acredito que isso me ajudará a trabalhar melhor depois”, conta por Skype, com a cabeleira branca recolhida em seu característico rabo-de-cavalo. Atrás dela, uma biblioteca com fotos de familiares e de animais, desenhos e muitos livros, entre os quais se distingue uma vetusta e manuseada edição de Tarzan dos macacos, obra que, enfatiza, decidiu seu destino.
Embora atualmente possa passear com calma pelas escarpas com seu galgo Bean, a vida da doutora Goodall foi tudo, menos tranquila: aos 26 anos viajou para a África e estudou os chimpanzés, vivendo entre eles e dando-lhes nomes próprios. Não tinha ido à universidade, mas em Cambridge aceitaram que cursasse o doutorado após conhecerem seu trabalho de campo. Em 1986 ajudou a organizar uma conferência em Chicago e deu o passo para o ativismo. Desde então, é um ícone da defesa dos animais e da luta ambiental. Diz que tudo ocorreu de forma natural, e que não há descanso, pois ainda resta muito por conseguir.
Pergunta. O que a levou a se interessar pelo mundo animal?
Resposta. Nasci amando os animais, sempre os observava. Tive uma mãe que sempre me apoiou muitíssimo, nunca se zangava quando encontrava minhocas pela casa e coisas assim. Cresci em um mundo onde não havia televisão, só livros, então li muito; eu adorava o Doutor Dolittle e como ele resgatava os animais do circo e os levava de volta à África. Quando tinha 10 anos descobri Tarzan dos macacos e me apaixonei por esse poderoso senhor da selva, incomodou-me muitíssimo que se casasse com a Jane errada… Então sonhei que quando crescesse viajaria à África para viver com os animais selvagens e escrever sobre eles. Minha mãe apoiou esse sonho quando o resto do mundo ria de mim, porque não tínhamos dinheiro e ninguém estava fazendo nada parecido. Mas me aferrei ao meu sonho e finalmente fui convidada por uma amiga da escola para ir ao Quênia, trabalhei como garçonete para economizar, não tinha ido à universidade porque não podia bancar aquilo, e lá ouvi falar do doutor Louis Leakey. Ele me deu a incrível oportunidade de ir viver rodeada não de um animal qualquer, mas sim daquele que mais se parecia conosco, os humanos. Assim foi como tudo começou.
P. Encontrou sexismo na sociedade e no âmbito científico?
R. Não, porque, em primeiro lugar, ninguém mais estava fazendo o que eu fazia e, segundo, não tinha ido à universidade. Louis Leakey preferia alguém que não tivesse tido sua mente abarrotada com o que ele achava ser uma forma reducionista de observar os animais, que prevalecia naquela época, e acreditava que uma mulher no terreno seria melhor, mais paciente. Então ser mulher me beneficiou muito. Junto com tudo isto, a Tanzânia estava começando a ser independente, e ainda havia um pouco de ressentimento contra os homens brancos por causa do colonialismo, mas não contra a Jane, aquela garota amável e jovem. Tudo foi muito fácil para mim, queriam me ajudar. Ser mulher foi verdadeiramente uma ajuda naquele momento.
P. E continuou sendo ao longo da sua carreira?
R. Quando finalmente fui estudar em Cambridge, porque Leakey me estimulou a ter um diploma, muitos dos professores me disseram que eu tinha feito tudo errado, mas não acredito que se devesse a ser uma mulher, e sim que, para eles, eu deveria ter dado números aos chimpanzés em vez de nomes. Era uma cientista, não podia falar de personalidade, mente ou emoção, porque eram exclusivos dos humanos. Mas eu já tinha aprendido com meus cães quando criança que essas ideias estavam equivocadas. Quando a National Geographic enviou Hugo van Lawick a para gravar e fotografar meu trabalho com os chimpanzés, tiveram que começar a pensar de outra forma e admitir que nós, os humanos, não somos os únicos seres com personalidade, cérebro e emoções. Quando o primeiro documentário saiu, em 1963, houve muitos cientistas que disseram: “Por que temos que escutar a Jane? É só uma garota, sem uma graduação, que obteve o apoio da National Geographic porque tem umas pernas bonitas…”. Para mim tanto fazia, só queria voltar a Gombe e aprender mais sobre os chimpanzés. Olhando para trás, acho que tive sorte de ter umas pernas bonitas; se isso me ajudou, não sei, mas obrigada, pernas!
P. Como foi sua transformação de cientista em ativista?
R. Fiz o doutorado e retornei a Gombe para criar uma estação de pesquisa. Foram os melhores dias da minha vida: passava o dia todo na selva, percebendo que tudo está interconectado. Achava que podia continuar fazendo isso para o resto da minha vida, mas em 1986 ajudei a organizar uma conferência em Chicago com a participação de outros seis cientistas de campo que trabalhavam em diferentes regiões da África. Pela primeira vez reunimos nossas pesquisas, o propósito principal era verificar como o comportamento dos chimpanzés variava de um lugar para outro e o que permanecia igual. Tivemos uma sessão que foi absolutamente impactante: caía o número de chimpanzés, as florestas estavam desaparecendo… Houve outra exposição a respeito das condições em algumas situações de cativeiro: o pior era ver os chimpanzés, nossos parentes mais próximos, em laboratórios de pesquisa médica, onde estavam em gaiolas de 1,5 metro. Seres sociais que permaneciam sozinhos, atrás de barras de ferro. Não pude dormir depois de ver aquilo, era horrível. Aí passei de cientista a ativista. Nem sequer pensei, não tive que tomar uma decisão, era algo que tinha que fazer.
P. O que pensa dos novos ativistas, como Greta Thunberg e sua luta contra a mudança climática, ou o príncipe Harry e seu apoio ao IJG?
R. Em 1991 criei um programa para a juventude, chamado Roots & Shoots (“raízes e brotos”), que hoje em dia está presente em 86 países. Estes jovens estão passando à ação, protestando, alguns se somaram às marchas da Greta… Mas sobretudo escolhem projetos como plantar árvores, recolher lixo ou cultivar alimentos orgânicos, arrecadar dinheiro para ajudar a proteger as florestas… São os jovens que vejo hoje em dia que me dão uma maior esperança para o futuro, os jovens que estão de verdade lá fora, dedicados de coração e alma ao projeto a que decidem se dedicar e fazendo uma grande diferença no mundo.
P. Gostaria de envolver o príncipe Harry ou Greta Thunberg em algum de seus projetos?
R. Qualquer que quiser nos apoiar é bem-vindo. O Roots & Shoots parte de uma postura de não confrontação, não apontamos o dedo acusador para ninguém, contamos histórias para chegar ao coração. Porque se uma pessoa jovem aborda um ministro e começa a lhe dizer “Você tem que fazer isto e aquilo”, provavelmente não a ouvirá, ou talvez a ouça, mas não faça nada. Mas, se conseguimos chegar aos seus corações, as pessoas mudam. Assim vencemos a luta contra o uso de chimpanzés na pesquisa médica.
P. Acredita no poder da amabilidade, então?
R. Sim, a não confrontação é o método. Se quiser que alguém muito importante mude algo, tem que fazer achá-lo que foi por escolha própria. Fica mais simples se virem como ideia deles, em vez de se sentirem intimidados por outra pessoa.
P. O que diz aos negacionistas da mudança climática? Hoje em dia muitas pessoas, inclusive políticos, não confiam na ciência.
R. Isso é estúpido. Viajei o mundo todo e vi com meus próprios olhos os efeitos da mudança climática em diferentes lugares. A esses críticos eu diria que vi o gelo derreter nos polos, como o nível do mar sobe, as pessoas que se transformam em refugiadas porque sua região já se tornou desértica demais para viver ali, casas alagadas, furacões… Os padrões climáticos mudaram em todo o mundo. Basta observar o que ocorreu como resultado do confinamento provocado pelo coronavírus: os céus voltaram a ser azuis, as empresas não emitiram dióxido de carbono… Infelizmente, não tenho muitas esperanças de que isso mude por enquanto. Mas, por outro lado, penso que milhares de pessoas que talvez respiraram ar limpo e viram as estrelas brilharem à noite pela primeira vez em suas vidas não vão querer retornar aos velhos hábitos poluentes. Confio em que haja tal aumento de gente crítica em todo mundo que isso leve as empresas e os Governos a verem que precisam mudar.
P. A senhora associou a covid-19 à falta de respeito com a natureza.
R. É verdade, estamos desmatando o mundo em grande velocidade e desaparecem áreas onde existe uma grande biodiversidade. À medida que destruímos as florestas, os animais entram em contato com espécies com que normalmente não interagiriam absolutamente, e alguns vírus e bactérias saltam de uma para outra. Passam de uma espécie onde provavelmente estiveram por séculos sem fazer mal a ninguém, e ao chegarem a outro animal aparece uma nova mutação do vírus… Normalmente é um animal que foi infectado, que se transforma em um reservatório do vírus. E os animais estão forçados a viver mais perto das pessoas, porque estão perdendo suas terras, por isso esses vírus podem passar aos humanos. O problema não é só não respeitarmos o meio ambiente, mas sim não respeitarmos os animais: os caçamos, os matamos, os comemos, os traficamos. Muitos acabam em mercados de animais vivos na Ásia, onde essas diferentes espécies estão juntas em situações estressantes e anti-higiênicas, porque costumam matá-las nesse mesmo lugar, e desta maneira o comprador e o vendedor podem chegar a ser contaminados por um destes vírus. Acreditamos que a covid-19 começou em um mercado de Wuhan; a SARS apareceu em outro destes mercados de carne em outro lugar da China; a epidemia de HIV-Aids surgiu em um mercado de carne de animais silvestres na África, onde os chimpanzés eram caçados e mortos para serem vendidos como alimento; agora há uma doença chamada MERS, cuja infecção se dá pelo contato com um dromedário domesticado, e adicionalmente existem várias doenças que passaram aos humanos através dos animais de nossas fazendas de criação intensiva, que são um verdadeiro pesadelo.
P. Deveríamos mudar a forma como comemos?
R. Temos que mudar a forma como comemos e a forma como tratamos os animais. É muito importante percebermos que cada animal, tanto os que estão nos mercados de carne como os que estão nas fazendas-fábricas, nessas condições espantosas, tem uma personalidade. Se você estudá-los, lhes dá um nome porque cada um deles é diferente de outros. Os porcos são tão inteligentes como os cães, talvez até mais. Ponha num buscador de Internet “Pigcasso”, não Picasso, o artista, e o que verá é incrível. Todos esses animais nestas condições horríveis têm sentimentos, podem sentir medo, dor e desespero. Não podemos pensar neles como uma massa. É preciso pensar em cada um deles.
P. Como resultado desta crise do coronavírus, vai mudar nossa forma de consumir?
R. Estou fazendo tudo o que posso para conscientizar sobre isso. Em cada conferência, e dou várias por dia, falo sobre o fato de que nós mesmos provocamos esta pandemia, tento ajudar as pessoas a pensarem nos animais.
P. Acredita que grandes indústrias, como a da moda, possam rever a forma como produzem?
R. Acredito que todas as indústrias já estão começando a mudar. Desde que comecei, em 1968, houve avanços em todo o mundo: em muitos lugares da Coreia do Sul e da China é proibido o consumo de carne de cachorro, na Europa e nos Estados Unidos se começaram a proibir criadouros de cachorrinhos onde os animais são retidos só para que tenham ninhada após ninhada… Começamos a proibir algumas coisas que são realmente cruéis. Por exemplo, na Espanha houve uma grande controvérsia sobre as touradas. Cada vez as pessoas estão adquirindo mais consciência, e agora só necessitamos de uma massa crítica para obter o tipo de mudança que precisamos que ocorra.
P. Acaba de apresentar o documentário A esperança e prepara O livro da esperança. Por que lhe parece tão importante este conceito?
R. Porque, se você não mantiver a esperança, se sentir que nada do que faz vai mudar as coisas ou que nada do que outros fazem fará diferença, então por que se incomodar? Renda-se, não faça nada, só resta desfrutar da vida que você tem pelo maior tempo possível. Isso seria o final do planeta. Você precisa se preocupar com as futuras gerações, ao menos deve tentar. Não vou deixar que sujeitos como Donald Trump e os Bolsonaros me atinjam e me façam me calar. Não, vou me levantar de novo. Morrerei lutando, porque é o único que posso fazer. E tentar dar esperança às pessoas, porque é o momento de que todos nos unamos e tentemos começar a curar a ferida que nós mesmos infligimos. Como fazemos em nosso programa Roots & Shoots na África para melhorar a vida das pessoas que vivem na pobreza, porque se você for realmente pobre destruirá a última árvore, pescará o último peixe e disparará no último chimpanzé só para sobreviver. À medida que ajudemos a encontrar outras formas de viver que não sejam destruir o meio ambiente, as florestas que se foram voltarão, e haverá mais esperança, muitos animais à beira da extinção terão uma nova chance. É o que ocorreu com os linces na Espanha, pude conhecer de perto esse bem-sucedido programa de preservação, sua cifra aumentou grandemente. Há centenas de exemplos como este em todo mundo.
P. Fica difícil manter a esperança perante notícias como os protestos raciais nos Estados Unidos ou os problemas migratórios na União Europeia?
R. É animador ver que tem muita gente protestando contra o racismo em todo o mundo. Os protestos pacíficos são justificados e necessários. Resta muito por fazer pela igualdade, a paz e a justiça, e todos devemos nos envolver.
P. Durante os meses iniciais da covid-19, a equipe espanhola do IJG esteve no Senegal ensinando a população a lutar contra o vírus. A educação é chave?
R. Totalmente. A educação e escutar as pessoas, não plantar-se ali como um punhado de brancos arrogantes em um povoado africano pobre para dizer o que é preciso fazer, e sim ir, como nós fizemos há anos, junto a um grupo de aldeões da Tanzânia que podem perguntar aos moradores dos povoados o que se pode fazer para ajudá-los. Assim tudo começou. E desta forma pudemos introduzir programas de gestão e microcréditos como os impulsionados por meu herói, Muhammad Yunus. É especialmente importante empoderar as mulheres, que haja bolsas para poder manter as meninas nas escolas, e também os meninos, tanto quanto pudermos. Nosso programa Roots & Shoots é maravilhoso porque permite que gente jovem, embora viva em comunidades muito isoladas, possa se unir a outros grupos na África e em todo mundo através de um computador. Meu próprio neto está comprometido em ajudar a educar sobre temas ambientais.
P. Depois deste confinamento e da parada pelo coronavírus, continuará percorrendo o mundo ou planeja frear sua atividade?
R. Acredito que terei que esperar para ver o que acontece. Sinto falta de me reunir com meus amigos, poder lhes dar um abraço. Estive tentando criar uma Jane virtual para chegar a mais gente. Posso reunir isso viajando, se for seguro. Por minha idade avançada [86 anos], sou população de risco e seria estúpido ir a algum lugar, adoecer e morrer. Não estou preparada para morrer ainda.



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