Pular para o conteúdo principal

Como esconder uma notícia

O que vai abaixo é um box publicado na edição desta quinta-feira da Folha de S. Paulo. A matéria principal leva o título "Banco público cobra R$ 12 mi de empresa da família Sarney" e informa que o BNB botou no pau a emissora de televisão do presidente do Senado. Ok, é notícia (meio velha, mas é). O interessante, porém, é que os empréstimos foram realizados não durante a gestão do presidente Lula, mas muito antes, ainda sob Fernando Henrique Cardoso. O box de pé de página, bem escondidinho, informa este fato e cumpre a função de.. esconder a notícia! Por que não uma manchete do tipo: "Tucano ligado a Tasso emprestou R$ 12 milhões a Sarney e não cobrou"? Seria um despropósito? A julgar pelas manchetes que a Folha anda dando nos últimos tempos, até que não seria tão absurdo assim...

Banco era comandado pelo PSDB

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre 1997 e 2001, quando ocorreram as liberações de recursos do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) para a TV Mirante, do grupo Sarney no Maranhão, o banco era presidido por Byron Queiroz, ligado ao PSDB e indicado ao cargo pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O presidente do BNB é nomeado pelo ministro da Fazenda. Queiroz presidiu o BNB no governo de Fernando Henrique (PSDB-SP). Antes, foi secretário de Planejamento do Ceará no governo de Tasso.
O tucano formava com Sarney (PMDB-AP) e Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) o trio de senadores influentes e aliados de FHC no Nordeste.
Sarney, cuja família é próxima da de Tasso, era aliado do PSDB até 2002, quando acusou o partido de armar manobra para obrigar Roseana a desistir de disputar a Presidência.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe