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Isto é incrível

O que vai abaixo é uma reportagem da Agência Estado sobre os últimos acontecimentos no PSOL. Pode parecer incrível, mas em uma bancada de 3 parlamentares, "um terço" já não obedece o líder. Este tipo de episódio faz lembrar aquela velha brincadeira de que a esquerda brasileira só se une na prisão. Na verdade – e muita gente pode até não acreditar –, o PSOL é uma agremiação constituída de várias alas e com disputas internas bem acaloradas.

Agora mesmo, um grupo está tramando contra a presidente do partido, vereadora Heloísa Helena. É, digamos assim, a "esquerda do PSOL", que não aceita o nome de Helena para a disputa presidencial do próximo ano e tenta viabilizar uma candidatura alternativa. Há quem diga a turma seja responsável pelos vazamentos de que Heloísa "não quer" disputar o cargo e prefere voltar ao Senado.
A seguir, a íntegra da reportagem sobre a crise da bancada federal do PSOL.

Com apenas 3 deputados, PSOL vive crise interna

SÃO PAULO - Nascido de uma dissidência do PT em 2004, o PSOL tem uma bancada de apenas três deputados, mas vive uma crise digna de partido grande. Irritada com o colega Ivan Valente (SP), líder do trio na Câmara dos Deputados, a gaúcha Luciana Genro enviou carta à direção partidária, na quinta-feira, acusando-o de machismo e desequilíbrio. Ivan reagiu e disse que a colega está isolada e tornou pública sua insatisfação em um ato de desespero.
No meio da confusão está o deputado Chico Alencar (RJ), que tenta apagar o incêndio. "Somos tão jovens e ainda incipientes que não suportamos uma desavença nesses termos. Há elementos de temperamento e de personalidade de cada um. Eles não precisam ser amigos, se tratar com ternura, mas é preciso se colocar no patamar da boa relação política", diz Alencar.
Nem mesmo a coesão do PSOL nas votações em plenário sobreviveu. A bancada se dividiu na votação de um dos itens da reforma eleitoral. Luciana foi a favor da liberação do uso de outdoors nas campanhas. Os outros dois deputados foram contrários. Por causa dessa divergência, a relação entre Luciana e Valente azedou de vez.
A deputada - filha do ministro da Justiça, o petista Tarso Genro - não gostou quando o líder disse que ela fez um "roubo de galinha" ao defender os outdoors, quando tinha sido destacada para falar em favor do uso de carros de som em campanhas. Luciana não reagiu de imediato, mas no dia seguinte mandou a carta indignada à Executiva Nacional do PSOL.
Reunião
Reunida na sexta-feira, a Executiva reiterou "apoio e confiança integral em seu líder na Câmara". Anunciou, no entanto, uma nova reunião, em data a ser definida, desta vez com a presença da presidente do partido, a vereadora de Maceió Heloísa Helena. "Não será por falta de moderadores que a crise deixará de ser superada", informa a nota do partido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentários

  1. Interessante como as notícias originadas em meios como Veja, Estadão e Folha são mentirosas quando são críticas ao PT e são verdadeiras quando referentes a outros setores da esquerda.

    Nunca fui do PSOL, mas não dá para ficar utilizando "notícias" como essa como retratos da realidade dentro daquele partido.

    Um abraço

    ResponderExcluir
  2. Aristóteles, a matéria do Estadão pode até ser enviesada, mas o fato é que Luciana protocolou o documento em que qualifica Ivan Valente de machista e desequilibrado. E diz que da próxima vez, agirá de outra forma e revidará o que julgou uma agressão. Ou seja, um racha realmente ocorreu.
    Grato pela audiência!

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