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Tucanos versus tucanos na Folha

Muito boa a reportagem da Folha de S. Paulo desta segunda-feira mostrando as divergências entre os quadros do PSDB na área de Educação. O jornal entrevistou a ex-secretária Rose Neubauer (gestão Covas) e o ex-ministro Paulo Renato (FHC) sobre os (péssimos) dados da educação paulista. Os dois lamentaram a "falta de continuidade" na área educacional ao longo dos 12 anos de governos tucanos no Estado. Procurado pelo repórter da Folha, o secretário de Educação do governo de Geraldo Alckmin, Gabriel Chalita, preferiu não conceder entrevista. Além das entrevistas, há também um texto explicativo sobre as desavenças no tucanato, texto este que até mereceria destaque maior na edição – acabou escondido na penúltima página do caderno Cotidiano, quando o lógico seria o texto "abrir" o material, que deveria ter saído em página dupla e não alternada. Aliás, se a Folha quisesse, poderia perfeitamente ter publicado tudo no caderno Brasil. Abaixo, a íntegra das reportagens:

PSDB culpa PSDB por crise na educação


Queda no desempenho das escolas de São Paulo nos exames gerou mal-estar no partido que comanda o Estado desde 95


O ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza e Rose Neubauer, secretária estadual na gestão Mário Covas, apontam problemas


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL


O péssimo desempenho da escola pública de São Paulo nos exames de qualidade de ensino gerou um mal-estar no PSDB -partido que comanda o Estado desde 1995- e críticas entre os seus principais expoentes para a área da educação.
Em entrevista exclusiva à Folha, o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza (gestão Fernando Henrique Cardoso) disse que houve má implantação da progressão continuada no Estado, programa instituído no período no qual Rose Neubauer foi secretária da Educação (gestão Mário Covas).
Rose Neubauer, por sua vez, criticou seu sucessor, Gabriel Chalita (gestão Geraldo Alckmin), dizendo que ele acabou com medidas de apoio que eram fundamentais ao projeto.
Procurado desde a segunda-feira da semana passada, Chalita não respondeu ao pedido de entrevista. Sua assessoria afirmou na sexta-feira que ele só poderá falar hoje, mesmo alertado de que as outras entrevistas seriam publicadas antes.
A progressão continuada foi implantada nas escolas estaduais paulistas em 1997 pela secretária Rose Neubauer e vigora desde então no Estado.
No sistema, as crianças do ensino fundamental não podem ser reprovadas ao final de cada ano letivo, mas apenas ao término de um ciclo, atualmente de quatro anos (ou seja, na quarta e na oitava séries).
A progressão continuada visa dar mais tempo de recuperação ao estudante com dificuldade antes da eventual reprovação.
Outra vantagem que o modelo traz, com a diminuição da repetência, é a redução da evasão dos alunos (estudos da área educacional apontam a reprovação como uma das principais causas de abandono).
Nesse ponto, a progressão obteve êxito: a porcentagem de alunos do ensino fundamental que abandonaram a escola diminuiu 58,3% (os números referem-se ao período de 1999 a 2004, disponível no banco de dados on-line do instituto de pesquisas do MEC). No país, o número diminuiu 30,8%.
Já nos resultados em exames de qualidade, porém, o Estado não obteve o mesmo êxito.
Reportagem da Folha na segunda-feira passada mostrou que nenhuma escola estadual teve média superior a 50 (em cem pontos) no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Outro levantamento, inédito, mostra que a rede estadual de São Paulo estava entre as melhores do país em 1995, mas caiu dez anos depois em todos os rankings possíveis (veja gráfico nesta página).
A tabulação tem como base o Saeb, exame do governo federal que avalia a quarta e a oitava séries do ensino fundamental e o terceiro ano do ensino médio.
Em língua portuguesa do terceiro ano, por exemplo, a rede estadual tinha a média mais alta em 1995, mas em 2005 foi apenas o oitavo melhor Estado.
"Há diversos fatores envolvidos, como a inclusão de crianças que estavam fora da escola. Mas certamente a forma como a progressão foi implementada prejudicou", diz o professor da Faculdade de Educação da USP José Augusto Dias.
"Como dar uma boa recuperação se as escolas estão superlotadas?", questiona o membro do Conselho Estadual de Educação Joaquim Pedro Villaça de Souza Campos.
Para tentar reverter os resultados negativos, a atual secretária da Educação, Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos (gestão Serra), vai diminuir a duração dos ciclos de quatro para dois anos.
A intenção é que as dificuldades dos alunos sejam detectadas mais rapidamente e, se necessário, eles comecem a rever o conteúdo sem precisar esperar os quatro anos.
Para Paulo Renato, "a periodicidade não é tão importante quanto a escola se preparar para uma atitude diferente".


Paulo Renato ataca falta de continuidade

Para ministro da Educação no governo FHC, secretários de Covas e Alckmin não seguiram mesmas políticas educacionais

Ele também afirmou que houve problemas na implementação da progressão continuada nas escolas estaduais

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo, comandado há quatro mandatos pelo PSDB, errou na condução da progressão continuada nas escolas estaduais. A avaliação é do tucano Paulo Renato Souza, ministro da Educação na gestão FHC (1995 a 2002).
Para Paulo Renato, 61, atualmente deputado federal pelo PSDB-SP, as escolas não foram preparadas para a adoção do sistema, que começou na gestão da secretária Rose Neubauer (governo Mário Covas). Além disso, ele diz que houve descontinuidade de políticas (Neubauer foi substituída por Gabriel Chalita, secretário no governo Geraldo Alckmin). (FT)


FOLHA - Por que o desempenho dos alunos piorou nestes dez anos no país, período no qual, em grande parte, o sr. esteve à frente do MEC?
PAULO RENATO SOUZA - Houve uma queda entre 1995 a 1999 que é explicável pelo alto ritmo de incorporação de novas crianças ao sistema. Chegamos a 97% das crianças na escola [no ensino fundamental], dobramos a matrícula no ensino médio. E, quando se incorpora, é normal que as médias caiam.
Até diria que caiu menos do que se poderia esperar. Depois, parou esse ritmo de incorporação, o que fez com que as médias melhorassem em 2003. O surpreendente é a queda da 8ª e do ensino médio em 2005. Deveria ter ocorrido uma pequena melhora.
Essas variações não são muito significativas, estão dentro do intervalo de confiança, mas isso significa que estávamos mal e não melhoramos.

FOLHA - Quando há essa forte inclusão, não se pode fazer nada para evitar que o desempenho desses alunos seja tão ruim?
PAULO RENATO - Quando você inclui, a média cai. É uma coisa universal, ocorre em todo o mundo, pois você está trazendo para a escola um segmento da população que, em geral, não tem um desempenho tão bom. É claro que, por meio de medidas dentro da escola, você precisa fazer essas crianças acertarem o passo rapidamente.

FOLHA - Os resultados mostram que não houve sucesso. PAULO RENATO - Esse é o ponto.
FOLHA - O que faltou? PAULO RENATO - Precisamos rever toda a educação brasileira, repensar a estrutura educacional e o funcionamento da escola. Até hoje, focamos o ensino. Temos de focar a aprendizagem e o resultado.

FOLHA - O que mudaria?
PAULO RENATO - Tudo. Poderia, por exemplo, mudar a carreira do professor para que ela incentive o desempenho do aluno [ou seja, o professor que possui uma classe com boas notas deve ganhar benefícios]. É uma coisa difícil, que não depende só do governo federal, mas de cada Estado, cada município.

FOLHA - Mas por que isso não foi feito na gestão do sr.?
PAULO RENATO - Hoje o problema está diagnosticado. Na minha gestão, nem sequer havia avaliação. Agora estão criadas as condições para trazer os resultados das avaliações para a política [educacional].

FOLHA - Como o sr. avalia a situação educacional de São Paulo?
PAULO RENATO - Deveria estar melhor, é o Estado mais rico.

FOLHA - O PSDB entrou no quarto mandato em São Paulo [Mário Covas (dois), Geraldo Alckmin e agora José Serra] e os resultados continuam ruins. O que houve no Estado?
PAULO RENATO - Nas políticas específicas desses governos, houve descontinuidades.

FOLHA - Como o sr. avalia isso?
PAULO RENATO - É negativo. É preciso que haja políticas permanentes.

FOLHA - Quais foram as descontinuidades no período? PAULO RENATO - Tivemos políticas totalmente diferentes da secretária Rose para o secretário Chalita.

FOLHA - Quais? PAULO RENATO - É difícil entrar no detalhe, não acompanhei tão de perto, mas claramente houve diferenças.

FOLHA - São Paulo adotou a progressão continuada. Ela prejudicou a qualidade de ensino do Estado?
PAULO RENATO - Não a progressão continuada em si, mas a forma como foi implementada. Talvez tenha sido feita sem preparação da escola, sem treinamento. A escola tomou a progressão como se fosse uma simples aprovação automática. São coisas diferentes. A progressão envolve mais avaliação do que o sistema da seriação. Envolve o acompanhamento do aluno, pois a escola se torna responsável pelo seu aprendizado.

FOLHA - Especialistas e professores da rede dizem que o governo não deu condições para que a escola acompanhasse os estudantes com dificuldades. O sr. concorda?
PAULO RENATO - Não sei. O que constato é que a rede, de alguma forma, tomou a progressão continuada como promoção automática, o que foi errado.

FOLHA - Pode ser tanto problema da escola quanto do governo?
PAULO RENATO - Sim. O Estado pode não ter conseguido levar a idéia à escola.

FOLHA - O que faltou?
PAULO RENATO - Não sei. Mas houve uma falha de implementação do projeto.

FOLHA - O sr. considera a progressão continuada positiva?
PAULO RENATO - Ela, em si, é positiva, existe no mundo todo.

FOLHA - O atual governo [José Serra] quer diminuir o ciclo de quatro para dois anos. O que o sr. acha?
PAULO RENATO - A periodicidade não é tão importante quanto a escola se preparar para uma atitude diferente. É necessário muita avaliação e premiar o bom resultado.

FOLHA - Como o sr. avalia o PAC da Educação do governo federal?
PAULO RENATO - Ainda não o conheço, mas pelo que li nos jornais, eu gostei. Vincular repasse de recursos ao desempenho das escolas é o caminho certo.


Secretária de Covas faz críticas ao secretário de Alckmin

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao justificar o mau desempenho da rede estadual paulista nas avaliações federais, a secretária da Educação no governo Mário Covas, Rose Neubauer, atacou o seu sucessor, Gabriel Chalita (gestão Alckmin). Segundo Neubauer, que comandou a pasta de 1995 a 2002, instrumentos necessários para o bom funcionamento da progressão continuada (adotada pelo governo em 1997) foram abandonados por Chalita. Leia entrevista feita por telefone com Neubauer, 62, que é diretora-presidente do Instituto Protagonistes, que desenvolve estudos sobre educação. (FT)


FOLHA - Por que São Paulo caiu nos rankings do Saeb?
ROSE NEUBAUER - Nas curvas para os diferentes resultados, você vê que as médias nacionais despencaram muito. Não foi um ou outro Estado. E o que me chama a atenção é que há uma queda sistemática para todos, com raras exceções. É tão sistemático que me dá a impressão de que a prova de 1995 não conversou com a de 2005 -esta pode ter sido mais difícil.

FOLHA - Mas admitindo a possibilidade do problema de calibragem na prova, o exame ficaria mais difícil para todos os Estados. Assim, São Paulo perdeu posições em uma prova comum a todos.
- NEUBAUER - Certo. Temos algumas coisas que podemos chamar a atenção. Na 4ª série, as perdas são pouco significativas, uma ou duas posições. No caso da 8ª série, em 1995, São Paulo poderia ter essa posição [1º em português e 4º em matemática] porque o Estado era extremamente excludente. Como havia uma reprovação muito alta, o grupo de alunos que chegava aqui era melhor, mas havia uma evasão enorme.
Os Estados que trabalham com reprovação série a série podem ter um falso desempenho melhor porque as crianças com dificuldades estão camufladas em séries anteriores. São Paulo perdeu algumas posições? Perdeu. Mas se a gente não tivesse perdido no governo passado os instrumentos apontados pelo Conselho Estadual de Educação para garantir a qualidade da progressão continuada, estaríamos melhores.

FOLHA - Quais instrumentos?
- NEUBAUER - O reforço semanal, a recuperação nas férias e a capacitação do professor a partir da avaliação. Não adianta haver a avaliação, ficarmos discutindo, e isso não redundar em uma capacitação de professor, por escola, nas áreas onde os estudantes foram pior. Não adianta ficarmos comprando curso de capacitação para aquilo que o professor tem interesse se não trabalharmos uma capacitação muito bem pontuada [refere-se aos programas de formação continuada da gestão Chalita]. Escolas com notas seis podem ter dificuldades diferentes. Não adianta dar bolsas de pós-graduação para o professor se a secretaria não faz uma capacitação voltada para a correção da problemática do desempenho dos alunos [outra referência a um programa da gestão Chalita, o Bolsa Mestrado]. É uma pena. Se São Paulo tivesse utilizado esses instrumentos, estaria melhor.

FOLHA - Então os instrumentos que a sra. implementou foram desmontados na gestão Chalita?
- NEUBAUER - Isso.

FOLHA - Foi um erro?
- NEUBAUER - Foi. E não é só o fato de não dar continuidade. Você também não estimula a rede e os professores a levarem essas propostas com seriedade.

FOLHA - Não é um desalento que haja descontinuidade dentro de um mesmo partido?
- NEUBAUER - Acho que é. Mas algumas matérias não deveriam ser de decisão só de um partido, mas sim da sociedade.

FOLHA - O que precisa ser feito para melhorar a educação?
- NEUBAUER - Investir pesado na formação do professor.

FOLHA - A gestão da sra. fez isso?
- NEUBAUER - Na medida do possível. Negociamos uma nova carreira salarial, houve mudanças salariais significativas. O professor não ganha o desejável. Mas, para pagarmos melhor os professores, temos de tomar a decisão de aumentarmos o Orçamento para a educação. A sociedade vai ter de decidir se quer gastar menos em saúde, transporte, segurança. Não pode ser feito de cima para baixo.

FOLHA - Como a sra. avalia a atual qualidade da educação estadual?
- NEUBAUER - Como no Brasil, precisamos fazer muita coisa. Não temos a qualidade que desejamos. Mas há uma coisa positiva. Na minha geração, apenas 50% das crianças de 7 a 14 anos estavam na escola [hoje o índice passa dos 95%]. Mas isso fez com que absorvêssemos quadros de professores que não tiveram tempo de consolidar sua formação.




Gestão Serra quer ciclos de dois anos

DA REPORTAGEM LOCAL

A atual secretária da Educação, Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos (gestão Serra) determinou a redução da duração dos ciclos dos atuais quatro anos para dois anos.
Na prática, a reprovação poderá ser feita bianualmente. A intenção é que as dificuldades dos estudantes sejam detectadas mais rapidamente e, se necessário, eles comecem a rever o conteúdo antes.
Segundo a secretária, essa é uma das medidas para tentar melhorar o ensino na rede estadual. Outra ação será a implantação de um segundo professor na primeira série, para auxiliar na alfabetização.
Educadores consultados pela Folha dizem que a mudança na duração dos ciclos é insuficiente.
"O essencial é discutir a forma como está sendo feita a aprendizagem, não a reprovação", afirmou o professor da Faculdade de Educação da USP Romualdo Portela.
Para o coordenador da ONG Ação Educativa, Sérgio Haddad, mais importante que diminuir o período dos ciclos é melhorar as avaliações e os programas de acompanhamento de alunos com dificuldades. (FT)

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