Pular para o conteúdo principal

Viracopos e a retomada da economia brasileira

Uma das questões mais complicadas para que a economia brasileira volte a crescer de forma robusta é solucionar alguns gargalos, em especial o do investimento no setor de infraestrutura, que é altamente gerador de empregos. O caso de Viracopos é emblemático, como mostra a matéria abaixo.
Hoje, Viracopos é o terceiro maior aeroporto do país, mas seus acionistas privados, envolvidos na Lava Jato, quebraram e não têm mais condições de gerir o aeroporto. Na verdade, não importa quem são os acionistas, o problema está na lógica que norteou o leilão de concessão dos aeroportos sob Dilma Rousseff. A conta da rentabilidade do negócio com a outorga ao preço que foi arrematada só fecharia, e a duras penas, se o Brasil continuasse a crescer a taxas que vinha crescendo, o que não aconteceu.
Agora, há um interessado em Viracopos - consórcio liderado pela IG4 Capital, gestora brasileira de private equity, e a operadora Zurich Airports -, mas o governo supostamente liberal de Jair Bolsonaro parece preferir a falência do aeroporto à solução de mercado proposta pela gestora. Não deixa de ser irônico, até porque a falência de Viracopos simbolizaria a derrocada do modelo Dilma de concessões para o setor aeroportuário e a incompetência da atual gestão em solucionar o problema. A ver.












Governo está preparado para intervir em Viracopos, diz Freitas
Ministro da Infraestrutura afirma que há planos A, B ou C, que seriam decretação de falência, fazer uma intervenção no aeroporto ou receber um pedido de relicitação

Por Valor, Com Agência Brasil — São Paulo
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse informou que o governo está preparado para agir caso seja necessária uma intervenção na concessão do aeroporto de Viracopos, em São Paulo. A Aeroportos Brasil Viracopos (ABV), responsável por administrar o terminal, está em processo de recuperação judicial desde maio de 2018. Na semana passada, uma decisão da Justiça Federal autorizou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a retomar o processo de caducidade da concessão.
“Temos planos A, B ou C para Viracopos. Estamos prontos para a decretação de falência, para fazer uma intervenção no aeroporto ou para receber um pedido de relicitação. Os estudos estão engatilhados para fazer a licitação. Poderíamos fazer no ano que vem”, afirmou o ministro, na cerimônia de inauguração do novo Aeroporto Internacional de Florianópolis.
Segundo Freitas, o problema é financeiro e não operacional. Ele disse que independente do desfecho da situação, o terminal continuará prestando serviços para a população, mas descartou a possibilidade de a Infraero retomar a gestão do aeroporto.
“O mais importante é que o usuário não vai ser desatendido. Estamos prontos para gerir o aeroporto até entrada do novo concessionário”, disse.
O novo Aeroporto Internacional de Florianópolis, ressaltou Tarcísio, tem potencial à altura da cidade e também de Santa Catarina. O terminal, inaugurado na noite deste sábado (28), terá capacidade para movimentar 8 milhões de passageiros por ano, contra 4 milhões do antigo aeroporto, que será fechado.
“Acho que o usuário vai gostar muito do que está sendo entregue. No fim das contas é um equipamento à altura do potencial de Florianópolis e Santa Catarina. Estamos multiplicando por quatro a capacidade do aeroporto e com certeza isso vai atrair mais gente pra cá, vai permitir maior operação de pousos e decolagens, vamos poder aumentar a oferta de voos para Santa Catarina”, disse o ministro durante a cerimônia de inauguração.
Administrado pelo grupo suíço Zurich Aiport, o novo terminal começa a operar no dia 1º de outubro, com o primeiro voo programado para sair às 4h. Na obra, foram investidos R$ 570 milhões. São 13 portões de embarque e 10 fingers (pontes de embarque), sendo dois com espaço para receber aeronaves de grande porte, usadas em voos intercontinentais, como o Airbus A380 e o Boeing 747.
De acordo com o diretor da Floripa Airport, braço do grupo suíço que vai administrar o aeroporto, Tobias Markert, a nova administração está trabalhando para a implantação deste tipo de voo internacional. Na semana passada, a empresa argentina Flybondi anunciou que vai operar voos entre Buenos Aires e Florianópolis a partir de dezembro.
“É uma oportunidade para atrair também voos internacionais de longa distância e Florianópolis já tem potencial para fazer isso e o aeroporto antigo limitava isso. Agora, temos condições de trabalhar para fazer disso uma realidade”, disse Market. “Agora estamos aptos a operar uma aeronave da TAP [empresa aérea de Portugal], por exemplo”, acrescentou.
Com a inauguração do novo terminal, o antigo será desativado, mantendo apenas, por enquanto, as operações de carga. A nova administração ainda estuda o que fazer com as instalações antigas.
Mais interesse por leilões
De acordo com o executivo, a Zurich Airport, que também administra no Brasil os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ) e tem 25% de participação no Consórcio BH Airport — administrador do Aeroporto de Confins (BH) —, tem interesse em participar de outros leilões de concessões programados pelo governo.
A próxima rodada de leilões está marcado para 2020, quando o governo deve leiloar 22 aeroportos. De acordo com Market, o grupo suíço tem interesse em participar do certame.
Uma das possibilidades é entrar na disputa dos terminais do Bloco Sul, formado pelos aeroportos de São José dos Pinhais (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Londrina (PR), Joinville (SC), Curitiba (PR), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). “Temos interesse em todas as opções [previstas] para o futuro no Brasil”, finalizou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe