O delegado que cuida das investigações da morte da menina Isabella pediu a prisão preventiva do pai e da madastra da menina. É possível que a polícia já tenha indícios de que o casal realmente matou a garota ou então o delegado se sentiu pressionado e decidiu agir antes que as cobranças começassem a prejudicar a apuração. É preciso aguardar o desenrolar dos fatos, mas ainda que o pai e/ou a madrasta de Isabella sejam criminosos, continua a não existir justificativa para a capa do Diário de S. Paulo de ontem, reproduzida no comentário anterior. A diferença toda é que se o pai for o assassino, ninguém vai dar muita bola para a barbaridade cometida pelo jornal.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
Até porque se trata de profecia auto-cumprida. O juiz decreta a prisão influenciado pela manchete do jornal.
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