Está havendo muita confusão nas interpretações em torno da renúncia de Sibá Machado à presidência do Conselho de Ética. Alguns analistas acham que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) poderia se favorecer da confusão criada com a saída de Sibá, que impediria a votação, hoje, do relatório do senador Epitácio Cafeteira (DEM-MA). Este tipo de análise até faria sentido se o objetivo primeiro de Renan fosse mesmo postergar a votação, mas o fato é que a estratégia inicial era votar o relatório e encerrar a questão nesta quarta-feira. Uma segunda estratégia de Renan realmente é postergar o seu processo, de preferência para mais de 90 dias, talvez na esperança de que algum novo escândalo faça a sociedade minimizar o anterior. Do ponto de vista de Renan, porém, este adiamento precisa ocorrer com algum aliado na presidência e relatoria do Conselho de Ética. A saída de Sibá deixa a presidência interinamente sob comando do DEM e não é certo que Calheiros consiga eleger em nome de sua preferência para a vaga. Já se fala em Jarbas Vasconcelos e Jefferson Péres para a presidência do Conselho, o que seria de fato o pior dos mundos para Calheiros. Nesta quarta-feira, muita coisa vai ficar mais clara a respeito de toda a confusão que cercou a saída de Sibá. A hipótese deste blog continua sendo a de que Renan mais perdeu do que ganhou com toda esta confusão no Conselho.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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