Chega a ser risível a reação dos blogueiros direitosos - Reinaldo Azevedo e o tal Coronel do Coturno Noturno à frente - em relação ao golpe de Estado em Honduras. Não adianta a OEA (comunistas?) e os EUA (bolcheviques?) condenarem a quartelada, o pessoal acha que a "democracia" foi a grande vitoriosa no país da América Central. Golpe, para essa gente, só vale se for praticado por Hugo Cháves, Evo Morales e demais governantes de esquerda do continente americano - "golpes" esses, aliás, apoiados em mudanças constitucionais legítimas e acompanhadas por observadores internacionais. Realmente, dá vontade de rir da falta de senso da ultradireita brasileira. Mas é melhor não rir, porque se depender deles, o que vale em Honduras deveria valer na América Latina toda.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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