O governador José Serra deve estar contente com os editores dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo: nos dois diários, a notícia do laudo que foi divulgado ontem pelo Jornal Nacional da TV Globo apontando uma série de problemas nas obras da linha 4 do Metrô paulistano ganhou pequeno destaque nas edições de hoje. Na Folha, não houve chamada de capa e a matéria foi escondida no meio do caderno Cotidiano. O Estado até que tentou disfarçar um pouco mais a proteção a Serra e deu uma chamadinha na primeira página, no alto, mas também escondeu a matéria no meio do caderno de cidades. Não deixa de ser interessante: uma estação de Metrô em construção corre riscos de desabar e os dois jornais paulistas acham que isto não é notícia para capa do caderno local...
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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